Fiscais da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) deflagraram uma operação, nesta quinta-feira (16/11), na Vytal Med Produtos Hospitalares, no Centro Clínico do Guará. A empresa, cujo dono é Alírio Silva Furtado, é especializada em vender instrumentos médicos para unidades de saúde e laboratórios. Há denúncia de que o estabelecimento comercializava medicamentos sem autorização e fornecia órteses e próteses nacionais a preço de material importado para a realização de cirurgias, com a anuência de médicos.
A ação é um desdobramento das investigações sobre a Máfia das Próteses, cujos integrantes são suspeitos de fazer cirurgias ortopédicas desnecessárias em pacientes. A intenção era receber dos planos de saúde valores pelos procedimentos.
Segundo a Anvisa, a Vytal Med teria também comercializado motores cirúrgicos sem origem, o que poderia ser fruto de contrabando ou receptação, atitude com “elevado potencial de risco”. O órgão investiga ainda a denúncia de que um hospital da Asa Sul estaria envolvido na fraude, ao receber o material destinado a cirurgias no rosto.
Durante a operação, os fiscais da Anvisa pediram reforço da Polícia Civil do DF. Agentes da 4ª Delegacia de Polícia (Guará) foram enviados ao local.
Réus
Desmontada após a deflagração da Operação Mr. Hyde, em setembro do ano passado, a Máfia das Próteses é acusada de fraudar pacientes e planos de saúde. O grupo, segundo as investigações, induzia as vítimas a passar por cirurgias desnecessárias e com materiais de baixa qualidade para que a empresa TM Medical pudesse aumentar seu lucro. Treze pessoas foram presas na ocasião.
Segundo as apurações conduzidas pela Polícia Civil do DF (PCDF) e pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), a companhia, com sede no Sudoeste, fornecia órteses, próteses e equipamentos especiais para operações médicas. Quanto mais materiais caros eram usados em cirurgias para colocação desses produtos, maior era a propina recebida pelos médicos, que chegavam a ganhar 30% extras sobre o valor pago pelas operadoras.
No dia 23 de setembro de 2016, o juiz substituto Caio Todd Silva Freire, da 2ª Vara Criminal, aceitou a denúncia contra 17 das 19 pessoas acusadas pelo Ministério Público de integrar a organização criminosa. Os únicos denunciados que não viraram réus são Nabil Nazir El Haje, dono do Hospital Home, e Cícero Henrique Dantas Neto, diretor da unidade.
A propina geralmente era paga por depósitos nas contas dos médicos ou então entregues em espécie nas proximidades dos hospitais onde ocorriam as intervenções.