Ex-ministro dos Transportes estava foragido e se entregou à PF nesta terça. Ele é suspeito de envolvimento em irregularidades na campanha de Anthony Garotinho em 2014; defesa nega.
Após se entregar à Polícia Federal, o ex-ministro dos Transportes Antonio Carlos Rodrigues foi levado na noite desta terça-feira (28) ao Instituto Médico Legal (IML) de Brasília para fazer exames.
Presidente do PR, Rodrigues estava foragido desde o último dia 24, quando teve a prisão decretada pela Justiça de Campos dos Goytacazes (RJ).
Ele é suspeito de ter cometido os crimes de corrupção, extorsão, participação em organização criminosa e falsidade ideológica.
Os crimes são apurados na mesma investigação que resultou na prisão dos ex-governadores do Rio de Janeiro Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho, ambos do PR.
Entenda as suspeitas
O Ministério Público do Rio de Janeiro diz que o ex-ministro dos Transportes negociou com Anthony Garotinho e com o frigorífico JBS a doação de dinheiro oriundo de propina para a campanha do ex-governador em 2014.
O inquérito que embasa a denúncia partiu da delação dos irmãos Wesley e Joesley Batista e do executivo do grupo J&F Ricardo Saud.
Conforme a PF, foram identificados elementos que apontam que a JBS firmou contrato fraudulento com uma empresa sediada em Macaé para a prestação de serviços na área de informática.
A suspeita é a de que os serviços não foram prestados e o contrato, de aproximadamente R$ 3 milhões, serviria para o repasse irregular de valores para a utilização nas campanhas eleitorais.
O que diz a defesa
O advogado de Antonio Carlos Rodrigues, Daniel Bialski, disse que o ex-ministro jamais foi chamado a prestar os esclarecimentos sobre as acusações e, por isso, considera a prisão “absolutamente arbitrária e ilegal”.
“É uma alegação de uma pessoa de que o Garotinho teria recebido dinheiro de doação e que esse dinheiro teria sido repassado pela JBS ao partido e o partido repassado ao ex-governador. Mas existem também no processo documentos que mostram que a doação foi feita por outra pessoa, que não a JBS. Então, isso tem de ser esclarecido, debatido e não existe qualquer prova material que mostre claramente que nosso cliente recebeu dinheiro ou repassou dinheiro ilegal para alguém”, afirmou.
Segundo Bialski, a defesa já apresentou um habeas corpus no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, agora, aguarda a decisão da Corte.
“Se a decisão for favorável, a situação estará resolvida. Se não for favorável, iremos à Suprema Corte”, acrescentou Bialski.
A assessoria também divulgou a seguinte nota:
“A defesa exercida pelos advogados Daniel Bialski e Marcelo Bessa esclarece que o ex-ministro, ex-senador e presidente do PR Antônio Carlos Rodrigues somente se apresentou espontaneamente nesta data por causa de seu cuidadoso estado de saúde e especialmente para afastar ilações de que estava se evadindo ou afrontando o bom andamento do processo. Acredita-se na reversão desta arbitrária decisão e se espera o deferimento dos pleitos formulados nos habeas corpus para revogar, a desmotivada e desnecessária prisão decretada. E aguarda-se que no decorrer do processo a plena inocência do nosso cliente aflorará ainda mais evidente”.