Lula Galvão é um dos instrumentistas escalados para a noite de shows na capital promovida no Clube do Choro e no Feitiço Mineiro
A música aproximou Lula Galvão e Paulo André Tavares, dois dos maiores violonistas brasileiros, no começo da década de 1980. Amigos desde então, logo eles se distanciaram geograficamente, isso porque um se radicou no Rio de Janeiro, enquanto o outro se manteve em Brasília. Assim, ficaram impossibilitados de realizar trabalhos juntos.
“Eu já tocava violão e tirava músicas de ouvido. Aí, como queria desenvolver a técnica do instrumento, procurei o Paulo André, que era professor da Escola de Música, onde, na época, só havia o ensino de música erudita. Nas horas vagas, ele me dava aulas particulares”, lembra Lula. “Iniciei a carreira tocando no circuito das casas noturnas brasilienses. Foi quando conheci Rosa Passos e passei a acompanhá-la. Logo depois vim para o Rio, onde moro desde então”, acrescenta Lula.
Por conta de agenda cheia — shows, turnês e gravações com artistas consagrados da MPB, como Edu Lobo, Caetano Veloso, Chico Buarque, Guinga, Leny Andrade e Beth Carvalho — o violonista passou a vir menos à cidade. Voltava aqui, vez por outra. “Quando retorno é para tocar na banda de Rosa; ou fazer apresentações no Clube do Choro, onde já me apresentei, por exemplo, com Jaques Morelembaum. Há cinco anos reencontrei o Paulo André, num show que fizemos no Teatro do Sesc, na 504 Sul”, conta.
Mestre do jazz performance pela Queens College de Nova York, Paulo André tomou parte em importantes projetos nos Estados Unidos, ao lado do gaitista Hendrik Meurkens e do saxofonista Joe Hrbek; e gravou com a pianista brasileira Eliane Elias. Seu trabalho mais recente em Brasília foi o DVD com o Cais Trio — os outros integrantes são o pianista Daniel Baker e o cantor Leonel Laterza. Há quatro meses se fixou no Rio e lá restabeleceu o contato com Lula.
“Ao ser convidado para participar do projeto comemorativo do Clube do Choro, fiquei feliz duplamente. Pelo retorno a um dos mais emblemáticos palcos para a música instrumental no país; e por ter a companhia do meu mestre”, comemora Lula. No show, hoje e amanhã (dias 07 e 08/12), às 21h, o duo vai exibir virtuosismo, ao interpretar composições de Dorival Caymmi (Você não soube amar), Edu Lobo (Casa Forte), Caetano Veloso (Trilhos Urbanos), Astor Pizzolla (Vuelvo al sur), entre outras pérolas. “Incluí também no repertório Abaporu, tema de minha autoria”, anuncia.
Lula chegou na semana passada da Alemanha, onde fez shows com a cantora germânica Ulla Hensen, de quem é professor de violão; e acertou detalhes para lançamento de um disco solo gravado naquele país. Antes, no Rio, ele havia acompanhado Edu Lobo, Dori Caymmi e Marcos Valle, na gravação de um CD.
Universo roseano
Outro destaque na programação musical de hoje (07/12, quinta) na cidade, é o show que os cantores e compositores Celso Adolfo e Aloísio Brandão fazem às 21h30, no Feitiço Mineiro. Idealizado pelo escritor e pesquisador Ruy Godinho, esse encontro leva os dois artistas a lançar um olhar sobre o universo de Guimarães Rosa.
Mineiro de São Domingos do Prata, Celso é um estudioso da obra de Rosa. Compositor de talento e cantor com timbre original, ele lançou oito discos entre 1983 e 2011. O mais recente é o Estrada real de Vila Rica. A música de maior dele é Coração Brasileiro, gravada por Milton Nascimento e Elba Ramalho. Flor benvinda e Azedo mascavo ganharam interpretação em disco de outros cantores.
Baiano do sertão, Aloísio nasceu e foi criado em um ambiente roseano, acompanhando ladainhas, cantorias, desafios de repentistas e ouvindo narrativas sobre coronéis, jagunços e religiosos. “Aprendi a me dedicar à contemplação das coisas visíveis e das que só podem ser vistas com os olhos de dentro”, diz o compositor, parceiro de Luhli, Lucina, Climério Ferreira, Vicente Sá e outros artistas brasilienses.
Lula Galvão e Paulo André Tavares
Show hoje (dia 07/12, quinta), às 21h, pelo projeto Clube do Choro — 40 Anos. No Espaço Cultural do Choro (Eixo Monumental). Ingressos: R$ 40 4e R$ 20 (meia para estudantes). Não recomendado para menores de 14 anos. Informações. 3225-1199.
Celso Adolfo e Aloísio Brandão
Show hoje (dia 07/12, quinta), às 21h30, no Feitiço Mineiro (306 Norte). Couvert artístico: R$ 30. Não recomendado para menores de 18 anos. Informações: 3272-3032.