Servidores interceptaram texto durante revista na Unidade de Internação de São Sebastião. Governo diz que polícias Civil e Militar, Vara da Infância e Juventude e Ministério Público foram acionados.
Uma carta com suposto plano de fuga e assassinato de agentes socioeducativos, escrita por um detento da Unidade de Internação de São Sebastião, no Distrito Federal, foi interceptada na última terça-feira (26). Em nota, a Subsecretaria do Sistema Socioeducativo informou que os servidores encontraram o texto durante revista nos alojamentos e que as polícias Civil e Militar, Vara da Infância e Juventude e Ministério Público foram acionados.
Segundo a pasta, por causa da carta, o jovem está em medida disciplinar. O Sindicato dos Servidores da Carreira Socioeducativa afirmou que o manuscrito seria enviado aos comparsas do adolescente por meio de um parente após a visita familiar. Uma foto do texto foi divulgada no site da entidade (veja abaixo).
Na carta, o jovem pede a um “tio” que envie outros “menores” para ajudá-lo a fugir da unidade de internação. De acordo com o texto, o adolescente simularia uma ocorrência no local que obrigasse a escolta dos internos para a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). Durante o trajeto, o resgate dele e de outros internos seria realizado.
“Ver se o senhor não coloca uns menor pra resgata noiz os agentes que faz a escolta anda sem arma (…) Os cara rendia ai noiz já sequestrava os agentes e matava (sic)”, escreveu o detento no documento.
O adolescente ainda pede na carta o envio de duas armas de fogo. Em um dos trechos do manuscrito, ele diz “nós está planejando a fuga (sic)” e “nós só precisa de 3 menor e 2 pistola (sic)”.
O sindicato apontou que o texto expõe a “condição precária” do sistema socioeducativo do DF e que a “falta de investimento” do governo no sistema prisional, a carência de funcionários e de equipamentos de proteção representam um risco a quem trabalha nas unidades de internação.
“Nossas escoltas são realizadas sem serem cumpridas os menores critérios de segurança. Não dispomos de coletes balísticos, os veículos utilizados são totalmente inapropriados para a realização de escoltas e, sobretudo, os agentes realizam essas escoltas desarmados”, disse a entidade.
Em outubro, a Secretaria da Criança afirmou que o sistema socioeducativo do DF tinha 1.870 servidores em atividade – o número de agentes por unidade de internação não foi informado por “questão de segurança”.
Agente esfaqueado
Há dois meses, um agente socioeducativo da Unidade de Internação do Recanto das Emas foi esfaqueado por um jovem de 18 anos quando fiscalizava o jantar em um dos módulos do presídio. Segundo a Polícia Civil, o servidor disse que fazia a segurança sozinho e foi levado ao Hospital Regional da Asa Norte.
O crime ocorreu quando o jantar estava sendo servido aos internos. De acordo com a ocorrência registrada na 27ª DP, o jovem atingiu o agente três vezes na testa com um “estoque” – faca improvisada. O instrumento chegou a entortar.