A reforma migratória integral a debate no Senado americano entra nesta segunda-feira em sua semana decisiva, após uma proposta republicana que duplicaria o número de agentes na fronteira com o México. Em troca de uma quase-militarização da fronteira, uma maioria bipartidarista dos 100 senadores americanos parece finalmente disposta a aceitar uma via para a legalização de 11 milhões de imigrantes sem papéis.
A emenda dos senadores John Hoeven e Bob Corker endureceria a vigilância nos pouco mais de 3.000 quilômetros de fronteira com o México, começando pela duplicação dos efetivos, de 21.000 policiais a 42.000, além de completar outros 1.100 quilômetros de cerca.
“A emenda estipula que nenhum imigrante ilegal possa pedir residência permanente legal até que tenha passado no mínimo dez anos e até que tenha êxito em cinco condições de segurança”, explicou o escritório de imprensa de um dos senadores mais envolvidos na reforma, o republicano Marco Rubio.
As empresas americanas deverão aceitar um sistema obrigatório de verificação de identidade dos trabalhadores e os estrangeiros se verão submetidos a checagens biométricas na entrada e na saída do país, entre essas cinco condições mencionadas.
A emenda busca aplacar as críticas dos setores mais conservadores do Partido Republicano, que é minoria no Senado, mas que controla a Câmara dos Deputados, onde o êxito do projeto de lei é incerto.
No governo, a reação a esta nova emenda apresentada na sexta-feira foi positiva. A emenda “dedicará importantes recursos adicionais ao robusto sistema de segurança na fronteira” já em vigor, reagiu a secretária de Segurança Interna, Janet Napolitano.
Os Estados Unidos deportaram cifras recorde de imigrantes ilegais nos últimos cinco anos, mais de 1,2 milhão, e a detenção de imigrantes ilegais na fronteira caiu 67% entre 2000 e 2010, segundo cálculos independentes.
Os especialistas ressaltam, por outro lado, que, em torno de 40% dos onze milhões de ilegais ficaram nos Estados Unidos após o vencimento do visto. “A solução não é injetar mais dinheiro”, disse um dos senadores que se opõe à reforma, Jeff Sessions (Alabama).
A duplicação da Patrulha Fronteiriça e o restante das medidas, como a mobilização de drones, poderia custar até US$ 30 bilhões.
A experiência da última grande reforma migratória em 1986, que se resultou em milhões de novos cidadãos, mas também com o cumprimento da vigilância na fronteira, está presente nos debates da Câmara.
Contudo, a maioria democrata quer que seja votado nesta segunda-feira o fim dos debates desta emenda, para votá-la, possivelmente, em meados da semana, e talvez a reforma integral no final da mesma.
“O projeto de lei não é perfeito. É uma concessão. Ninguém vai conseguir tudo o que quer; nem os democratas, nem os republicanos, nem eu”, declarou este sábado o presidente Barack Obama em seu discurso semanal.