Músicos pedem ajuda para despesas com viagem. Apresentação será em abril.
Foi na Praça da Resistência que surgiu a Orquestra de Cavaquinhos de Brasília, há cinco anos. Hoje, resistência ganhou um novo significado para os 23 músicos. Mais do que o lugar de berço, é no que se apoiam para seguir o sonho de se apresentar na Alemanha, em abril. Convidada pela Escola de Música de Berlim para representar o Brasil na comemoração do centenário do Chorinho, a orquestra conta com uma vaquinha para conseguir viajar.
O idealizador do projeto, Dudu Oliveira, estima que a despesa com a viagem – incluindo passagem, hospedagem, alimentação e roupas de frio – chegue a R$ 199 mil. As passagens representam cerca de R$ 90 mil desse montante, valor que o grupo espera conseguir de doações.
De acordo com Oliveira, nenhuma empresa manifestou interesse em patrocinar a ida dos músicos. Ele afirma que vai tentar ainda recursos do Fundo de Apoio à Cultura.
“A gente está muito feliz porque hoje a gente está podendo ter a oportunidade de dar o que um dia a gente recebeu. Falta, infelizmente, isso, que deixa um pouco a gente triste. Mas não desesperançoso. A nossa esperança não morre nunca.”
Para Marcos André do Nascimento Feitoza, que também participa da orquestra, será a primeira vez que viaja de avião. “Vários sonhos se realizando a partir da música, a partir de quatro cordas – né, ré, sí, sol, ré. O cavaquinho, um instrumento tão pequenininho, consegue levar uma alegria imensa, né? Fico muito orgulhoso.”
A orquestra surgiu quando, há cinco anos, Dudu Oliveira comprou 13 cavaquinhos para dar de presente aos jovens que participavam do projeto social Waldir Azevedo, que tem como proposta estimular o desenvolvimento cultural e artístico das crianças que moram na Vila Telebrasília.
Na época da aquisição, os jovens nem sequer conheciam o cavaquinho. “Era algo muito novo pra mim. Eu não conhecia, não tinha visto algo parecido antes. E eu fiquei encantado com isso, instrumento que conseguia fazer um som agudo e muito lindo, sabe?”, conta o estudante Abraham García.
Durante esse tempo, os jovens tiveram aulas com professores voluntários. Eles não recebem salários. E mesmo hoje, com as habilidades mais lapidadas e com convites para apresentações internacionais, a orquestra busca refúgio em uma oficina mecânica quando cai algum temporal. Entre os motores, música.
Aos poucos, conquistou palcos para além da Praça da Resistência, na Vila Telebrasília. Um deles é o Espaço Cultural do Choro, onde realiza apresentações eventualmente. E ganhou admiradores que também são referência na música da capital federal.
“Eles vêm de uma origem humilde, mas oferecem uma riqueza – isso aqui é muito rico. Essa música aqui é centenária, está se perdendo, esses meninos tão trazendo de volta”, elogia o maestro da Orquestra Filarmônica de Brasília, Thiago Francis.