Dono do prédio e equipe de construção serão indiciados. Agefis pede demolição do que restou.
Os donos do prédio e os responsáveis pela obra que desabou em Vicente Pires em outubro de 2017 serão indiciados por homicídio culposo – quando não há intenção de matar.
O proprietário do lote, o construtor e a engenheira devem responder pela morte do técnico em edificações Agmar Silva, de 55 anos, que estava trabalhando no local e não resistiu ao desabamento.
A engenheira responsável pelo prédio é a mesma que trabalhou na montagem da tenda do Circo Khronos, que desabou em março do ano passado e causou a morte de um jovem.
O relatório da perícia aponta graves erros de cálculo nas colunas de sustentação do edifício de Vicente Pires, o que teria causado o desabamento. De acordo com o documento, concluído quatro meses após o acidente, apenas 13 das 37 colunas não tinham erros de cálculo.
Os alicerces centrais são os que estão em pior estado, o que causa uma má distribuição do peso do edifício. A subestimação da carga chega a 60%.
Risco de desabamento
O coronel da Defesa Civil Sérgio Bezerra afirma que a obra está repleta de rachaduras e pode desabar a qualquer momento. “A Defesa Civil exige o escoramento total dessa edificação, porque ele foi projetado de maneira incorreta”.
Na época do acidente, a Agefis informou que a construção estava embargada há pelo menos um ano, com pedido de demolição e multas que ultrapassavam os R$ 13 mil.
Desde então, o órgão intensificou as operações de fiscalização na área. Durante todo o ano passado, foram 27 operações de derrubada. A área total desocupada chega a 100 mil metros quadrados, ou seja, pelo menos 10 campos de futebol.
Além disso, 2.274 prédios foram autuados. No caso das obras com mais de três andares, responsáveis de 60 das 200 obras têm até sessenta dias para apresentar o laudo de um engenheiro responsável, atestando que a obra é segura.
A defesa dos responsáveis não foi localizada pela reportagem.