Artistas da França, Bélgica e Suíça celebram o idioma falado em 54 países
A 21ª edição da Semana da Francofonia reúne em Brasília artistas da França, Bélgica e Suíça para celebrar o idioma falado em 54 países. Em Brasília, o evento conta com participação de 20 embaixadas de países francófonos em ações que vão de bazar à mostra de cinema em parceria com o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Além de Brasília, a semana é realizada em todas as cidades nas quais há unidades da Aliança Francesa (AF). “A ideia é apresentar a diversidade e o programa sempre tem uma parte de cinema, outra de artes visuais, música e literatura”, avisa Mathieu Bernard, diretor da AF em Brasília.
A programação de teatro ficou por conta da Companhia Mangano-Massip, formada por Sara Mangano e Pierre-Yves Massip. A dupla aprendeu a arte da mímica na lendária Escola Marcel Marceau, nos anos 1990, e chegou a trabalhar com o mímico na companhia que leva seu nome. O trabalho com o corpo é o cerne da prática da Mangano-Massip, que também tem uma forte orientação pedagógica e é conhecida pela realização de ateliês. A dupla se apresenta no Lycée Français François Mitterrand na próxima terça.
A partir de hoje, o CCBB recebe uma mostra de cinema com produções inéditas e assinadas por vários países francófonos. Bernard sugere prestar atenção especialmente na animação franco-suíça Minha vida de abobrinha, a história de um menino de 9 anos que acaba em um orfanato após a morte dos pais. O canadense A paixão de Augustine também merece destaque. No longa, a música tem lugar especial em uma escola religiosa, mas o cotidiano é perturbado com a chegada de uma aluna e pianista brilhante e tumultuada.
Na quinta-feira, a Aliança Francesa recebe exposição de desenhos de Béatrice Tanaka, ilustradora de livros infantojuvenis cuja produção levou para o público francês algumas das histórias clássicas brasileiras. Morta em 2016, aos 84 anos, a artista foi uma das responsáveis pela introdução de nomes como Maria Clara Machado no teatro infantil da França. Também escreveu mais de 40 livros em francês com contos e peças de teatro. Béatrice nasceu na Romênia, mas emigrou para o Brasil, ainda menina, com a família, que fugia do nazismo. Nos anos 1960, mudou-se para Paris e passou o resto da vida entre a capital francesa e o Rio de Janeiro.
Uma leitura cênica do texto Captura de imagem, do togolês Gustave Akakpo, está programada para sexta, na Aliança Francesa, e ficará a cargo do coletivo brasiliense Na Classe em Cena. O grupo pesquisa a obra do dramaturgo desde 2010. No texto, uma história de imigração provoca reflexões sobre os deslocamentos humanos observados hoje no mundo. Na próxima segunda, um concerto com a compositora belga Cloé du Trèfle e com a violoncelista suíça Céline Chapuis encerra o evento no Teatro SESC Silvio Barbato.
Para Mathieu Bernard, um dos coordenadores da Semana, que é realizada com verbas depositadas em fundo comum pelos países membros da Organização Internacional da Francofonia, o retorno do evento é surpreendente. “Há uma verdadeira afeição pela língua francesa no Brasil. Estou aqui há um ano e fico realmente surpreso, há muito visibilidade, ao contrário de alguns países onde ficamos um pouco perdidos”, avalia.
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