Estudantes pediam reunião aberta nesta segunda; MEC preferiu ‘pré-encontro’ fechado. Reitoria confirmou presença em encontro na Câmara.
O impasse entre a reitoria da Universidade de Brasília (UnB), estudantes da instituição e o Ministério da Educação – que já gerou confronto na Esplanada dos Ministérios e uma ocupação iniciada na última semana – deve se estender, pelo menos, até a próxima quinta-feira (19). Para a data, está marcada uma audiência pública para debater o orçamento da universidade.
A decisão foi tomada após um encontro a portas fechadas, nesta segunda (16), na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Alunos e representantes da reitoria confirmaram presença – até as 22h de segunda, apenas o MEC ainda não tinha enviado aviso formal.
Presentes à ocupação e aos atos em frente ao MEC, na última semana, as deputadas Erika Kokay (PT-DF) e Margarida Salomão (PT-MG) atuam como “intermediadoras” do debate. A audiência pública foi colocada como uma “condição” para a desocupação da reitoria, que ainda não tem data para acontecer.
Também nesta segunda, após assembleia, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB decidiu apoiar formalmente a ocupação. Até então, o DCE dizia não ter relação com o movimento. Em nota divulgada em redes sociais, o movimento “Ocupa UnB” ainda não tinha se manifestado sobre a marcação da audiência pública até a publicação desta reportagem.
Além de mediar o encontro, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara avalia investigar episódios de violência policial no ato em frente ao MEC, na última terça (10), e propor uma auditoria de técnicos da Câmara sobre a real situação orçamentária da UnB.
Ocupação continua
Nesta segunda, cerca de 150 estudantes ainda ocupavam as dependências da reitoria. Desde a última quinta, a reitora Márcia Abrahão, os decanos e as equipes que trabalham no prédio não têm acesso às salas. Até o fim de semana, segundo os próprios gestores, nenhum pagamento ou contrato tinha sido prejudicado.
Os alunos protestam contra a crise financeira que a universidade enfrenta. O grupo afirma que a queda no orçamento foi causada pela PEC 55, que limita os gastos federais à inflação do ano anterior.
A universidade alega que dos R$ 168 milhões arrecadados com aluguel de imóveis próprios, entre outras receitas, apenas R$ 110 milhões podem ser utilizados. O restante do dinheiro iria diretamente para os cofres da União. Por isso, medidas de austeridade como aumento dos preços do Restaurante Universitário e demissão de estagiários e terceirizados seriam tomadas.
Já o Ministério da Educação afirmou que o orçamento da UnB subiu de R$ 1,66 bilhão em 2017 para R$ 1,73 bilhão em 2018, e que a administração da universidade deveria otimizar os recursos recebidos.