Colégio particular do Lago Sul que teve registro de um caso e o estado de Goiás tiveram a vacinação antecipada
O caso de um estudante do Colégio Presbiteriano Mackenzie, no Lago Sul, infectado com o vírus H1N1 chamou a atenção para a campanha de vacinação no Distrito Federal. Enquanto o colégio antecipou a imunização interna, com ação realizada ontem, a rede pública de saúde começou a se preparar para receber as doses. A vacina tetravalente contra os vírus H1N1, H3N2 e dois tipos de influenza B começará a ser aplicada na segunda-feira e seguirá até 1º de junho. A expectativa é de que 706.988 sejam vacinados na capital federal. De janeiro até o início de abril, a Secretaria de Saúde confirmou cinco casos — uma pessoa morreu.
Em Goiás, em razão da quantidade de infectados com o vírus, o Ministério da Saúde também antecipou a campanha de imunização. Começou em 13 de abril. Só nos primeiros cinco dias, mais de 138 mil pessoas se vacinaram no estado vizinho ao DF. Até 9 de abril, a Secretaria de Saúde de Goiás confirmou 92 casos de H1N1. Dezessete pacientes morreram. Goiânia, Anápolis, Rio Verde, Caldas Novas e Luziânia são algumas das cidades que registraram notificações da doença. A proximidade com algumas dessas cidades deixa a capital federal em alerta.
Mesmo assim, a gerente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Goiás, Magna Maria de Carvalho, acredita que o DF está em vantagem se comparado ao cenário goiano. “Em Goiás, os casos começaram a acontecer antes, assim como a campanha de vacinação. Pelo que percebemos nos boletins epidemiológicos, a situação nas duas unidades da Federação é diferente, mas Brasília não está imune à doença. Contudo, o fato de a vacina ter se adiantado em Goiás talvez evite que se propague com mais força no Distrito Federal”, afirma.
Magna Maria ressalta que, apesar de a vacinação não ser destinada a toda a população, ela reduz a circulação do vírus no meio ambiente em um terço. Goiás concentra de 20% a 25% dos casos de influenza do Brasil. No entanto, a gerente de Vigilância Epidemiológica explica que o vírus H1N1 se propaga nas regiões Centro-Oeste e Nordeste como um todo. “Mesmo as pessoas que se vacinaram precisam manter os cuidados, porque o organismo demora até duas semanas para desenvolver anticorpos. Então, nesse período, até quem se vacinou pode contrair a doença”, explica.
UTI
Quem contraiu a doença chama a atenção para a necessidade de se imunizar. O radialista Luciano Lima, 47 anos, recebeu o diagnóstico de H1N1 em 2009, primeiro ano do vírus. Ele lembra que acordou um dia indisposto, com dor no corpo e, logo depois, teve uma febre de 42ºC. “Foi algo tão estrondoso que eu cheguei ao hospital cambaleando e apaguei. Fiquei internado por nove dias, dois deles na UTI. Não sei se teve alguma relação, mas, à época, tive contato com argentinos. A gente nunca acha que vai acontecer conosco e, para minha surpresa, foi a H1N1”, relembra.
O episódio deixou a família em alerta. Neste ano, os dois filhos dele, de 23 e 14 anos, vacinaram-se contra o vírus, assim como a mulher, de 41. Luciano tinha 38 anos quando recebeu o diagnóstico da doença. “Deus me deu essa nova oportunidade e fica a lição de que a gente não pode se descuidar. É importante colocar em dia o cartão de vacina. Os adultos têm mania de esquecer, mas é muito importante conferir para certificar se a imunização está em dia. Os vírus estão sofrendo mutações e são muito perigosos”, reforça o radialista.
Propagação
Especialista em doenças infecciosas, o médico Hemerson dos Santos Luz destaca que a melhor forma de se prevenir contra o vírus é por meio da vacinação. “A OMS (Organização Mundial da Saúde) define um conjunto de vírus para elaborar a vacina, que é anual. Em 2018, a dose protege contra o vírus H1N1, H3N2 e dois tipos de influenza B. O vírus pode atingir qualquer idade e evoluir para um quadro complicado. A doença tem uma taxa de mortalidade elevada”, revela.
O infectologista explica que o vírus pode ser transmitido por gotículas da fala, pela tosse ou pelo espirro. Por isso, é importante fazer a higiene das mãos com água e sabão, além de álcool em gel. “O vírus pode passar de uma pessoa para outra pelo ar e contaminar, também, superfícies, como maçanetas e encostos. Os objetos ficam até 10 horas com o vírus viável. Lavar as mãos precisa ser um hábito e, sempre que tiver uma pessoa assintomática, é recomendado que ela coloque uma máscara para evitar a propagação do vírus”, destaca.
Segundo ele, o frio aumenta os riscos de contágio por causa do confinamento em lugares fechados, como ônibus, salas e repartições sem ventilação. “Isso facilita a propagação do vírus. Não significa que o frio aumenta as chances da gripe. Pressupõe-se que, nesse período, apareçam rinites e outras doenças que dificultam a respiração, mas o risco maior é em relação ao confinamento. O vírus H1N1 se propaga até um dia antes de a pessoa se tornar sintomática. Significa que o paciente pode transmitir o vírus em ambiente fechado sem saber que está doente”, detalha.
Diferenças
A influenza é comumente conhecida como gripe. Trata-se de uma doença viral febril, aguda, geralmente benigna. O ciclo dura uma semana com sintomas sistêmicos persistindo por alguns dias, como a febre. A nova influenza A (H1N1), mais conhecida como gripe suína, se propagou na primavera de 2009. Trata-se de uma gripe sem precedentes. Os sintomas são similares aos da gripe comum. Incluem febre, tosse, garganta inflamada, dores no corpo, dor de cabeça, calafrios e fadiga. A gripe suína pode causar também uma piora de doenças crônicas existentes, o que leva à morte.
Público-alvo A vacina é exclusiva para trabalhadores da área de saúde, idosos acima de 60 anos, crianças entre 6 meses e 5 anos, além de gestantes, mulheres que deram à luz há 45 dias, indígenas, pacientes de doenças crônicas, adolescentes e jovens do sistema socioeducativo, presos e funcionários do sistema penitenciário. Também são incluídos nesse grupo professores de escolas públicas e privadas.