Grupo foi uma das principais atrações do 58º aniversário de Brasília na Esplanada dos Ministérios
Criada em outubro de 2015, a companhia de dança Pegada Black tem como estilo principal o charme, com variações das culturas da periferia. O estilo nasceu nos anos 1980 e foi criado pelo DJ Corello, no Rio de Janeiro. Ele não tinha dado um nome para essa experiência, mas observou que quem dançava tinha um movimento corporal bem diferenciado. O nome “charme”, passou a abranger todas as músicas do estilo R&B que possuíam uma construção melódica definida. Paralelamente, vieram os chamados “charmeiros” que se baseavam na elegância das roupas, no comportamento e o gosto pelo R&B.
O Pegada Black surgiu da necessidade de haver uma companhia de dança focada em ajudar um projeto intitulado “Dança Charme É Bom Demais”, realizado uma vez por mês na Feira de Artesanato da Torre de TV. O objetivo era expandir o evento através de apresentações, workshops e projetos de parceiros para toda a comunidade brasiliense, incluindo escolas, bailes e lazeres itinerantes nas regiões administrativas. O idealizador foi Petronio Paixão, juntamente com o DJ Kazuza (Gildo da Silva).
A escolha do estilo vem da paixão pela dança urbana diferenciada, que prega a socialização sociocultural do indivíduo independente da cor, raça, religião, gênero e classes sociais. Os grupos do Rio de Janeiro, em especial o Dança Charme & Cia são as referências e inspirações para a galera do Pegada Black.
Para a composição dos passos, a companhia conta com uma comissão coreográfica que tem cinco professores/coreógrafos, especializados em vários estilos de dança. Os passos sociais são as coreografias feitas para o público em geral que queira dançar com o grupo em festas e eventos de rua. Já os passos específicos são os que compõem as coreografias que são feitas em apresentações. Essas coreografias são ensaiadas num espaço cedido pelo projeto social Jovem de Expressão, localizado na Ceilândia
Além das apresentações no Dança Charme É Bom Demais, o grupo se apresenta em diversos eventos e projetos sociais pelo Distrito Federal e Entorno. Uma das apresentações mais marcantes da companhia, foi a performance no aniversário de 58 anos de Brasília. “Foi uma verdadeira honra e reconhecimento estarmos no palco da nossa cidade natal, a capital federal de nosso país. Sentimos o prazer de representar cada pessoa da periferia brasiliense e brasileira. Foi um grito para toda a população tramitando que ela existe, resiste e está viva através de nossa dança” contou Tatiana Assem Haidar, uma das integrantes do grupo.
Apesar do reconhecimento e sucesso do Pegada Black, ainda existe uma certa resistência para viver somente da dança. “Em nosso país é muito difícil trabalharmos somente com a dança, num Brasil que se valoriza e apoia muito pouco a cultura”, afirma Tatiana. O grupo é composto por 10 integrantes, entre eles, estudantes, ambulantes, seguranças, Djs, professores, cabeleireiros, entre outras profissões. “Fazemos de tudo para mantermos nossas sobrevivências no mundo que vivemos”, explica.
Para o futuro, o grupo pretende executar várias coisas, como projetos, eventos, espetáculos, mas não ficar somente por Brasília. “Queremos transmitir toda essa energia e alegria para outros estados e, quem sabe, outros países. Por que não?”, exalta a integrante Tatiana.