Internado desde segunda-feira (26/11), Wandir Galletti deve ser submetido a cirurgia, mas saúde fragilizada oferece riscos
Ao fazer exames de rotina na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Núcleo Bandeirante, Wandir Galletti, 90 anos, foi vítima de uma cadeira frouxa que cedeu e o levou ao chão, nessa segunda-feira (26/11). Devido à queda, o paciente quebrou o fêmur e deve ser submetido a uma cirurgia.
Wandir chegou à UPA por volta de 9h50, com a filha Maria Bernadete Galletti, 61, para receber ferro na veia, tratamento contra a anemia. Além do atendimento pontual, o senhor tem problemas renal e cardíaco. Neste mês, foi submetido a tranfusão de sangue, e a saúde estava mais fragilizada do que o normal.
Como de costume, Maria foi à recepção a fim de solicitar o atendimento, enquanto o pai sentava-se em uma das cadeiras da unidade. Desta vez, porém, o banco que Wandir sentou não estava firme e, ao se ajeitar, o assento girou, provocando a queda.
“Ficou uma situação estranha. O povo que estava lá começou a fotografar e a filmar. Em um primeiro momento, era só eu que tentava fazer alguma coisa. Liguei para o Samu e para os bombeiros, mas os dois disseram que não poderiam tirar ninguém da UPA para levar o meu pai ao hospital”, relata Maria Bernadete.
Após as negativas, a ambulância da própria UPA encaminhou Wandir ao Hospital Santa Lúcia. O plano original era levá-lo ao Hospital de Base, mas a filha disse que ligava para o telefone da unidade e ninguém atendia — não se sabia se o hospital teria leito para receber Wandir.
“Até agora, ele tomou medicação para dor, fez exames e está aguardando o risco cirúrgico. O ortopedista queria fazer a cirurgia o mais rápido possível, mas resolveram chamar o cardiologista. A situação é um pouco mais complicada do que o normal, ele é muito idoso, e os médicos têm de lidar com os outros problemas de saúde dele”, lamenta a filha.
Uma das sobrinhas da vítima, que não quis se identificar, relata que os médicos, nesta terça-feira (27/11), tiveram de lidar com um impasse, na dúvida se encaminharia Wandir ao exame de colostomia. A decisão dos médicos foi não fazer o procedimento. “Ele está muito debilitado. Para o exame, ele precisaria ser sedado, mas corre o risco de ele não voltar da sedação. A cirurgia precisa ser feita, mas esses impasses têm de ser avaliados”, conta a sobrinha.
Precariedade
A família registrou uma ocorrência na 29ª Delegacia de Polícia (Riacho Fundo), denunciando a precariedade da estrutura física da UPA do Núcleo Bandeirante e a negativa ao atendimento pelo Samu. “O problema não é o atendimento do pessoal da UPA. Eles são muito gentis conosco. O que é revoltante é esse descaso: os profissionais sempre trabalham com o mínimo, no limite, é tudo precário”, pontua Maria.
A Secretaria de Saúde informou, em nota, que, “imediatamente após o acidente, a equipe da UPA (enfermeiro e técnico) assistiu o paciente, que foi imobilizado e colocado em uma prancha. Ato contínuo, a UPA do Núcleo Bandeirante providenciou o transporte de Wandir Galletti ao hospital indicado por seus familiares”.
A Direção de Atenção Secundária da Região de Saúde Centro-Sul da pasta acrescentou que, “há cerca de dois meses, todas as cadeiras da unidade passaram por manutenção, que incluiu troca de forro, substituição de parafusos e soldas. A Superintendência da Região de Saúde lamenta o ocorrido e deseja o pronto restabelecimento do paciente.” Fonte-Portal Correio Braziliense