Sem inovação significativa em chips, a empresa fez apostas certeiras para aumentar receita
A Intel vive um dilema. Mesmo batendo recorde de receitas a cada ano, a fabricante de microprocessadores não tem avançado na tecnologia como a concorrente Qualcomm. A rival já tem processadores mais poderosos, domina o segmento de smartphones e deu seu primeiro passo sério no campo de notebooks no fim de 2018.
A Intel divulga hoje os seus resultados financeiros do quarto trimestre de 2018. A expectativa do mercado é de um faturamento trimestral de 19 bilhões de dólares. O número representa crescimento de 11% em relação ao mesmo período do ano anterior.
No terceiro trimestre, quando a Intel registrou uma receita recorde de 19,2 bilhões de dólares, Bob Swan, diretor financeiro e presidente interino, declarou que a forte demanda dos consumidores nos segmentos de PCs e negócios baseados em dados foram os responsáveis pelo crescimento de 19%, na comparação anual. Isso mostra que, apesar de ter perdido a onda dos smartphones, a Intel ainda reina nos computadores e notebooks.
“Esperamos que 2018 seja mais um ano de recorde para a Intel e a nossa transformação nos posicione para ganhar espaço em um mercado de 300 bilhões de dólares”, disse Swan em nota.
Os processadores da nova geração da Intel usam um processo de litografia de 14 nanômetros, enquanto a rival Qualcomm já tem chips de 7 nanômetros desde o final de 2018.
O processo de litografia determina qual será a distância entre os transistores num processador. Quanto menor ela for, mais poder de processamento o chip terá. Com menos nanômetros – uma unidade de medida que representa uma distância tão ínfima quanto a espessura de um fio de cabelo –, os processadores ficam melhores. Tanto a Apple quanto a chinesa Huawei também contam com chips de 7 nanômetros, mas nada de vermos tais produtos com o selo Intel.
No primeiro semestre de 2018, a empresa chegou a lançar uma versão de testes de um processador com 10 nanômetros. Mas a sua linha de chips mais avançada continua utilizando uma litografia de 14 nanômetros. Com isso, a Intel não tem nenhuma grande evolução desde 2016.
A gigante americana da tecnologia não faz somente processadores para computadores pessoais. Ela atua em diversos segmentos. Os que mais cresceram recentemente foram três: negócios baseados em dados, internet das coisas (IoT) e carros autônomos. Já na divisão de produtos para data centers, o crescimento no terceiro trimestre de 2018 foi de 26%. A unidade de IoT da companhia teve crescimento de 19% no período, enquanto a Mobileye, companhia israelense comprada por astronômicos 15 bilhões de dólares, teve 50% de aumento na receita na comparação anual, ficando com 191 milhões de dólares.
Os números mostram que apostas em novas áreas ajudam a Intel a manter o crescimento – mesmo sem ter o lugar especial nos smartphones, hoje ocupado pela Qualcomm ou pela Apple. Fonte: Portal Exame