Em entrevista para a Jovem Pan de João Pessoa, ela citou os altos níveis de violência contra a mulher no país como base para a recomendação
São Paulo – A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, voltou a causar polêmica em uma entrevista com a Rádio Jovem Pan de João Pessoa que foi publicada na quarta-feira (13).
Um dos principais temas da entrevista com o repórter Reinaldo Oliveira foram os altos níveis de violência contra a mulher no Brasil, incluindo abuso sexual e feminicídio.
Após citar uma pesquisa que teria concluído que o Brasil é o pior lugar da América do Sul para criar meninas, a ministra emendou:
“Vejam só: se eu tivesse que dar um conselho para quem é pai de menina, mãe de menina? Foge do Brasil! Você está no pior país da América do Sul para criar meninas”.
A ministra também disse que “as feministas não gostam” das suas críticas à “ideologia de gênero”, que segundo ela significa colocar “todo mundo como igual” como se não houvesse mais menino e menina:
“Quando você passa pro menino que a menina é igual, ah, se ela é igual ela aguenta um soco, se ela é igual ela aguenta uma porrada. Então a gente tem que mostrar o seguinte: ela é igual em direitos, ela é igual em respeito, mas ela fisicamente é diferente e ela tem que ser protegida, ela tem que ser cortejada. Já pensou a gente fazer uma grande campanha nas escolas os meninos levarem flores pras meninas?”
Ela também disse que há uma “epidemia” de automutilação no país e defendeu a regulamentação do ensino domiciliar, um projeto do seu ministério que está próximo de ser apresentado ao Congresso via Medida Provisória (MP).
A ministra destacou que a modalidade não será obrigatória e poderá beneficiar famílias que vivem em locais mais isolados, que hoje são “processadas” se não colocarem a criança com mais de quatro anos na escola.
“O rendimento em casa é muito maior porque 40% do tempo na escola é para gerenciar a sala”, acrescentou.
Questionado, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos informou que Damares não concedeu entrevista à rádio nesta sexta-feira.
Por intermédio de sua assessoria de imprensa, a ministra admitiu que falou algo nessa linha durante a campanha mas em seguida, teria acrescentado que no governo de Jair Bolsonaro isso não seria necessário, pois ele fará do Brasil o melhor país para morar no mundo. Segundo a pasta, a frase está “fora de contexto”.
Histórico
A ministra coleciona controvérsias tanto da sua trajetória prévia quanto da sua gestão à frente do Ministério.
Como pastora, chegou a afirmar que o Brasil vivia uma “ditadura gay” e que a Igreja perdeu espaço na ciência quando deixou a teoria da evolução entrar nas escolas.
Um vídeo do dia da sua posse em que afirma que começou uma “nova era” no país onde “menino veste azul e menina veste rosa” gerou uma onda de reações nas redes sociais.
A frase foi citada nesta quinta-feira, 14, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello em seu voto no processo que discute a tipificação do crime de homofobia.
Damares virou assunto até na Holanda após vir à tona um vídeo antigo em que ela afirma que os pais holandeses masturbavam seus bebês a partir dos sete meses de idade.
Ela também foi questionada por nunca ter formalizado a adoção de Kajutiti Lulu Kamayurá, hoje com 20 anos, como sua filha.
Índios da aldeia Kamayurá, localizada no centro da reserva indígena do Xingu, no norte do Mato Grosso, afirmaram à revista Época que a ministra levou a jovem, à época com seis anos, irregularmente da tribo.
Em nota, o ministério afirmou que ela “não estava presente no processo de saída de Lulu da aldeia” e que Lulu “saiu com total anuência de todos” para passar por cuidados ortodônticos e para estudar em Brasília.
Veja a entrevista completa para a Jovem Pan:
(Com Estadão Conteúdo)