O vice-presidente vem assumindo um papel de protagonista, a exemplo do desempenhado pelo vice americano no filme “Vice”
“Dois grandes carros-chefes do nosso governo estão representados pelo Paulo Guedes e Sergio Moro, que atacam dois grandes problemas nossos: a segurança pública, que é algo que aflige todo mundo no país, e a questão da economia, porque a economia entrando nos eixos nós vamos entrar numa era de desenvolvimento sustentável. Esses dois puxam a fila do resto do governo.” O raciocínio não é do presidente Jair Bolsonaro (PSL). São palavras do general Hamilton Mourão (PRTB), o vice-presidente que dá conteúdo à presidência.
Desde a facada no candidato no início de setembro de 2018, Mourão assumiu um papel de protagonista a contragosto do próprio presidente e de sua manada. O telefonema pós-operatório de Bolsonaro – “Quer me matar?” – expressou mais ressentimento do que chiste. É evidente que falta cérebro na família Bolsonaro. Mourão é um “milico padrão” no jargão militar, sem ambição pregressa que evidenciasse carreirismo político.
Autoconfiante e bem-humorado (seu apelido em grupos de whatsapp de jornalistas na capital é “Mozão”), o vice-presidente não tem medo de expressar preferências sobre as propostas legislativas do governo nem sobre quem tem poder real no governo.
O recente filme “Vice” mostra outro vice-presidente poderoso – Dick Cheney – que tomou, mais sorrateiramente do que com anuência do presidente George W. Bush (2001-2008), controle sobre boa parte da política externa e militar dos Estados Unidos. Cheney era um homem de família que atuava nas sombras. Foi um exímio marionetista das engrenagens de Washington. Experiência em Brasília é o que falta para Mourão concentrar ainda mais poder. A fraqueza do presidente pusilânime joga, dia após dia, o Planalto no colo dos militares.
Fonte Exame