O ministro da Economia, Paulo Guedes, sugeriu nesta sexta-feira, 12, que não foi informado da decisão do presidente Jair Bolsonaro de intervir para adiar o reajuste do preço do diesel pela Petrobras. “Eu não sei nem do que vocês estão falando”, afirmou ao sair de reunião no Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington (EUA), e ser questionado por jornalistas.
“Passei o dia inteiro trabalhando, não tenho informação suficiente”, disse. Diante da insistência de jornalistas e da sugestão de que ele não teria sido informado sobre a interferência nos preços, respondeu: “É uma inferência razoável aparentemente”. Antes, ele havia dito que tinha a oferecer apenas “um silêncio ensurdecedor sobre o assunto”.
Também nesta sexta-feira, Bolsonaro admitiu que determinou a suspensão de reajuste de 5,7% no preço do diesel. A decisão da Petrobras de adiar o aumento repercutiu muito mal no mercado, levou à queda de mais 8% das principais ações da estatal, fez a empresa perder R$ 32,4 bilhões em valor de mercado – quase 10% do total – e foi uma das principais responsáveis pela queda de 1,98% do Ibovespa.
O porta-voz da presidência, general Otávio Rêgo Barros, informou que Bolsonaro não comentou se fez alguma ligação para o ministro Paulo Guedes.
Mais cedo, também em Washington, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que não há risco de que o governo Bolsonaro adote uma política de controle de preços – algo pelo qual o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi criticado. Apesar de não comentar especificamente a situação da Petrobras, o dirigente afirmou que “economistas liberais acreditam na menor intervenção possível”.
‘Autônoma’
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que a “Petrobras é uma empresa completamente autônoma para a tomada de decisões, coerente com seus fins institucionais”. “Recebi ontem (quinta), no fim do dia, uma ligação telefônica do presidente Bolsonaro me alertando sobre os riscos do aumento do preço do diesel divulgado pela Petrobras. Considerei legítima a preocupação do presidente, o que estava em linha com o monitoramento realizado pela companhia, que já havia identificado os seus possíveis impactos”, afirmou.
Segundo ele, em razão disso, o aumento do preço do diesel foi adiado. “A Petrobras decidiu, então, suspender, por alguns poucos dias, o reajuste do preço do diesel com base em cálculos técnicos e na posição de instrumentos de hedge para sua proteção contra prejuízos”, disse por meio de nota.
(Com Estadão Conteúdo)