Os 48 votos a favor da admissibilidade da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara foram acima da expectativa da articulação política do Palácio do Planalto. A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), calculava um total de 43 votos. “Foi sensacional”, definiu. Agora, ela dialoga com as lideranças para encaminhar a instalação da Comissão Especial do texto.
A intenção da líder é instalar o colegiado ainda esta semana, mas ela própria reconhece que não depende do esforço próprio. “Há boa disponibilidade do governo e do presidente da Câmara (Rodrigo Maia) para que isso ocorra, mas não podemos fazer o trabalho sozinhos”, ponderou. Por conta do feriado na próxima quarta-feira, 1º de maio, Dia do Trabalhador, ela tem dúvidas se a liderança conseguirá a montagem do quórum para a instalação. “Prefiro liquidar a fatura nesta semana, mas não trabalho sozinha”, ressaltou.
A parlamentar garante que o governo se mantém aberto a dialogar, mas voltou a reforçar que o governo não deseja abrir mão da “espinha dorsal” da reforma, que é a economia potencial de R$ 1,1 trilhão calculada pela equipe econômica. “Se vai mexer em ‘vírgula para esquerda ou direita’, nas regras do trabalhador rural e do BPC (Benefício de Prestação Continuada), isso é uma questão que a gente discute e resolve. O governo entende que esses são pontos que mais pegam e mais apertam o calo de boa parte dos parlamentares. Mas tem que ter economia. Se (o texto) ficar desidratado, a economia fica prejudicada”, alertou Hasselmann.
O objetivo do governo, destaca, não é trazer desgaste para os congressistas. “Queremos trazer conforto para que o parlamentar possa fazer seu discurso para o seu eleitor. Sabemos que alguns pontos causam desconforto para bancadas, em especial as do Norte e Nordeste”, analisou. A expectativa, no entanto, é de otimismo, respaldado pelo resultado na CCJ. “A gente conseguiu até cinco votos a mais do que contabilizávamos. Vimos que os partidos, tanto aqueles que estão totalmente alinhados com o governo, como os que se dizem neutros, de fato trabalham pela aprovação. Ganhamos e ganhamos com folga”, comemorou a deputada.