O PSL está em pé de guerra na Câmara. Uma ala do partido comandada pelo deputado General Girão (RN) quer depor o líder na Casa, Delegado Waldir (GO). Ainda na madrugada desta quinta-feira (25/4), uma mensagem começou a circular entre os parlamentares da legenda convocando o dia 7 de maio para referendar um substituto ao líder ou manter Waldir.
A votação depende, no entanto, do atingimento de um quórum mínimo entre os deputados do PSL. Tanto que a mensagem se inicia com o convencimento da coleta de assinaturas para promover a reunião eleitoral para “legitimar” o líder da bancada. “A ideia inicial era explicar pessoalmente a cada um dos colegas a nossa intenção, mas, como era previsto, a iniciativa já foi veiculada na imprensa”, pontua Girão, na mensagem divulgada.
O site da revista Crusoé e O Antagonista divulgaram que Waldir e o líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), travam uma disputa interna dentro do partido em uma “guerra de listas”. Foi ali que vazou pela primeira vez a ideia da lista. Depois disso, Girão intensificou a busca pelos parlamentares pelo WhatsApp. Na mensagem obtida pelo Correio, o parlamentar demonstra disposição para resolver a eleição interna o quanto antes.
A orientação passada por Girão é que os parlamentares que concordarem com ele assinem a lista que está sendo oferecida pelos assessores dele. “Ou liguem para o meu gabinete (914) que iremos até vocês”, comunicou. A ideia de votação para “referendar” a liderança do partido na Câmara, garante, foi dialogada com o presidente nacional do partido, deputado Luciano Bivar (PE).
“Após conversar com nosso presidente, reafirmo o compromisso e a intenção de termos uma bancada permanentemente informada, subsidiada e orientada para as muitas batalhas que, certamente, teremos, até o final desta legislatura”, destacou Girão na mensagem. “Certamente esse é o desejo da maioria dos deputados federais do PSL, que têm encontrado uma série de obstáculos para o desempenho de suas funções”, acrescentou.
Racha
O racha interno no PSL se dá em um cenário de alinhamento de Waldir com o Centrão e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O parlamentar chegou a chamar o demista de “primeiro-ministro” e vem acenando com muita proximidade com os partidos de centro e afirmando que o governo de Bolsonaro, do PSL, não tem base no Congresso. As sinalizações de descolamento com o Planalto foram o estopim para a ala mais ligada ao presidente da República agir para retirá-lo da liderança.
Em resposta, deputados aliados a Waldir estão propondo uma votação para retirar Vitor Hugo da liderança do governo na Câmara. O líder do governo na Câmara é acusado pelo Centrão de ser apenas esforçado e ter pouca habilidade política para convencer as demais lideranças. O racha entre Vitor Hugo e Waldir é cristalino e de conhecimento de Bolsonaro.
Na quarta-feira (24), Vitor Hugo levou a ala mais fiel a ele e contrária a Waldir para um café da manhã com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República. Na agenda encaminhada à imprensa na noite de terça-feira (23), a previsão de receber da bancada do PSL apenas o líder do governo. Além de Girão, acabaram comparecendo os deputados Marcelo Freitas (MG), relator da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Chris Tonietto (RJ), Caroline de Toni (SC), Coronel Armando (SC), Sanderson (SC), Aline Sleutjes (PR), Luiz Lima (RJ), Márcio Labre (RJ) e Nicolletti (RR).
Depois do encontro, Vitor Hugo deu o recado a Waldir em entrevista ao Estadão. “A base do governo vai se formar, logicamente, em torno do presidente, e toda vez que a gente leva deputados do PSL (até Bolsonaro), a gente fortalece isso”, declarou.