Muito emocionados, parentes, amigos e colegas da empregada doméstica Aline Santos Silva, de 30 anos, se reuniram nesta quinta-feira (9) no cemitério do Campo da Esperança, em Brasília, para se despedir. Ela e a filha de 2 anos e 11 meses foram atropeladas no começo da noite de terça-feira (7), no Núcleo Bandeirante.
Mãe e filha foram atingidas por um ônibus escolar que levava alunos da rede pública do DF para casa. A filha de Aline permanece internada no Instituto Hospital de Base e, segundo a família, não corre risco de vida (veja mais abaixo).
A irmã de Aline, Micaela Santos, de 24 anos, conta que a família está fragilizada. Aline era a mais velha dos irmãos.
“Ela era como uma mãe para mim, cuidou de mim desde pequena.”
Aline Santos Silva, de 30 anos, segurava a filha no colo quando morreu atropelada por um ônibus escolar no DF — Foto: TV Globo/ Divulgação
O outro irmão de Aline, Alex Santos da Silva, 27 anos, disse ao G1 que soube da atropelamento quando estava na igreja. Ele veio de Chapada Gaúcha, em Minas Gerais, para o sepultamento em Brasília.
“No momento, eu estava na igreja, mas o Anatólio [marido de Aline] não parava de me ligar. Então, fui para fora atender e recebi a notícia”, disse ele.
“A minha igreja me ajudou a arrecadar dinheiro para vir ao enterro.”
Anatólio, inconformado, não quis dar entrevista. A cunhada, Micaela, disse que ele está tentando ser forte pela filha. Ela destaca que a menina agora é “semente” da sua irmã.
Fora de Perigo
Mulher morre atropelada por ônibus escolar enquanto segurava filha no colo
Segundo os parentes, a filha de Aline estava no colo da mãe na hora do acidente. Ela permanece em observação no hospital, mas está fora de perigo.
Maria do Carmo, de 68 anos, é tia-avó da menina. Ela disse que a família espera que a bebê saia da UTI ainda nesta quinta-feira. Segundo Maria, a criança quebrou quatro costelas e uma perna.
Apoio de desconhecidos
Moradora do Núcleo Bandeirante, Renata Alencar, de 33 anos, segurou a criança pouco depois do atropelamento. Ela conta que estava trabalhando quando escutou um barulho e saiu correndo para saber o que tinha acontecido.
Disse que encontrou a menina junto da mãe, em uma poça de sangue, inquieta. Sem pensar, afirma que pegou a criança e a segurou nos braços.
“Sei que o ideal é a gente não mexer, mas é uma criança. Não tem como a gente pedir para uma criança ficar quieta.”
Renata disse que a menina estava sangrando muito e tentava levantar. Após a tragédia, ela se colocou à disposição da família para ajudar “no que fosse preciso”.
Ela explica que os parentes não tinham condições de arcar com o sepultamento e estavam desesperados. Renata foi atrás do Centro de Referência e Assistência Social (CRAS), órgão do governo que presta auxílio, mas não conseguiu ajuda.
Então, a comerciante começou a se movimentar. Foi atrás de grupos da Igreja Católica e, juntos, conseguiram arrecadar R$ 5 mil, além do sepultamento, que, segundo ela, foi doação de um deputado distrital.
Atropeladas por ônibus escolar
Bombeiros fazem primeiros atendimentos as vítimas do atropelamento Núcleo Bandeirante
Aline Santos Silva, de 30 anos, e a filha, de 2 anos e 11 meses, foram atingidas por um ônibus escolar que transportava crianças na volta para casa, na terça-feira (7). Durante 30 minutos, o Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) tentaram reanimar a mulher, mas ela não resistiu.
O motorista do ônibus escolar, Robson Gonçalves da Silva, de 47 anos, e os estudantes não se machucaram. A Secretaria de Educação do DF informou que a empresa de ônibus presta serviços para o GDF.
A pasta disse ainda que “lamenta pela tragédia que ocorreu com esta família – a mãe, que veio a falecer, e a criança, que foi levada em estado crítico para o hospital” e aguarda a conclusão da investigação caso para tomar as medidas cabíveis.
A Polícia Civil investiga o caso. Moradores do Núcleo Bandeirante dizem que o local é mal sinalizado e não há faixa de pedestres.
*Sob supervisão de Maria Helena Martinho