As igrejas estão entre as protagonistas nas comemorações de São João no Distrito Federal. A Paróquia Santa Cruz e Santa Edwiges, na 905 Sul, é palco, há cerca de 20 anos, de uma das mais tradicionais e, este ano, abrirá a temporada de festas juninas das igrejas da região. Depois disso, outras igrejas da Asa Sul e do Cruzeiro promovem os arraiais. Este ano, o evento retorna às origens, com estrutura simples, comidas e músicas. As festividades começam hoje e vão até domingo.
Os organizadores decidiram modificar a estrutura e fazer um arraiá tradicional, que retoma as origens das comemorações do interior do país. “Hoje, são raros os locais em que as famílias têm oportunidade de conversar olhando no olho do outro. Então, a intenção da festa é fazer com que as pessoas deixem os celulares de lado e partilhem a convivência”, explicou o pároco da igreja, padre Divino Alves.
Os preparativos começaram há cerca de três meses. Ao todo, são 12 barraquinhas de comidas típicas, cada uma com mais de 10 pessoas na equipe voluntária de trabalho, totalizando cerca 150 devotos envolvidos na organização do arraiá. As comidas vendidas terão preço médio de R$ 7, e a entrada é gratuita. Antes do início da festa, em três dos quatro dias, há uma missa para celebrar São João.
A empresária Vera Maria Cunha, 75 anos, é devota de Santa Edwiges há 50 anos e participa das festas juninas da paróquia há mais de 20. Além de ser membro ativa da igreja, ajuda voluntariamente na organização da festa. “Eu participo das novenas, faço parte de vários grupos aqui da igreja e todos os anos ajudo na barraca da canjica”, conta a empresária.
Ajuda
Fazendo jus à trajetória de Santa Edwiges (leia Para saber mais), a paróquia tem diversos projetos e grupos de ajuda aos que precisam. Um dos mais marcantes é o de construção de casas. Todos os anos é realizado, em outubro, um bazar com roupas costuradas pelos devotos. Com o dinheiro arrecadado, os frequentadores da paróquia constroem casas para sem-teto em Santa Maria. Desde o início do projeto até 2018, foram 25 edificações erguidas.
Sandra Maria Viegas, 66, é devota da santa há 22 anos. Durante essas mais de duas décadas, a professora aposentada nunca deixou de participar das novenas e festas de celebração. Segundo ela, várias graças lhe foram concedidas, mas uma faz os olhos marejarem. “Eu tive um câncer de mama que foi descoberto tarde e já estava se espalhando pelo restante do corpo. A santa intercedeu por mim e, hoje, estou totalmente curada”, revela.
Antes mesmo de descobrir a doença, Sandra conta que já recebia sinais e graças. “Um dia, em uma missa, um rapaz que eu nunca vi na vida, após a oração, ajoelhou ao meu lado e disse para eu ter muita força que eu conseguiria vencer. Alguns dias depois, fui diagnosticada com câncer”, conta. Mesmo doente, ela não perdia uma missa sequer.
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer
Para saber mais
A santa
Edwiges nasceu em 1174 e foi proclamada santa pela Igreja Católica em 1267. Sua trajetória de devoção é marcada pela perda de duas filhas. Para suportar o sofrimento, entregou-se à oração e à penitência. Casada com um nobre polonês, passou a levar remédio e conforto aos necessitados da Polônia. Começou também a livrar pessoas da prisão e até mesmo da guilhotina, pagando as dívidas desses indivíduos. Algum tempo depois, Edwiges deu à luz outra menina, que cresceu com saúde. Tempos depois, o casal teve outros filhos. Ao todo, ela deu à luz cinco crianças saudáveis e não deixou de lado a atenção com os pobres e necessitados. Com o próprio dinheiro, construiu hospitais, escolas, igrejas e conventos. Ganhou fama de protetora dos endividados por ajudar detentos da região, presos por não terem recursos para pagar suas dívidas. No Distrito Federal, a Paróquia Santa Cruz e Santa Edwiges é a única que se dedica à Santa padroeira dos pobres e endividados. O dia da santa é celebrado em 16 de outubro, com 15 missas consecutivas, todas em homenagem a ela.
Programação
O ápice dos festejos deve ocorrer em 12 e 13 de junho, véspera e Dia de Santo Antônio; em 23 e 24 de junho, véspera e Dia de São João; e em 28 e 29 de junho, véspera e Dia de São Pedro. Também em junho, igrejas das regiões administrativas distantes do Plano Piloto começam as celebrações. A programação com datas, horários, locais e valores de entradas das festas pode ser conferidoa no site da arquidiocese de Brasília: arquidiocesedebrasilia.org.br.
Anote
Festa Junina da Paróquia Santa Cruz e Santa Edwiges
Onde: Paróquia Santa Cruz e Santa Edwiges (SGAS I St. de Grandes Áreas Sul 905)
Quando: 16, 17, 18 e 19 de maio, às 18h. Festa com comidas típicas, bebidas e muita música
Festa Junina São Judas Tadeu
Onde: Paróquia São Judas Tadeu – 908 Sul, Asa Sul
Quando: 23, 24 e 25 de maio
Arraiá da Guadá
Onde: Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe – 311/12 Sul, Asa Sul
Quando: 31 de maio, 1º e 2 de junho
10º Arraiá do Senhor Bom Jesus
Onde: Paróquia Senhor Bom Jesus – EQNO 11/13, Área Especial Setor “O” – Ceilândia
Quando: 1º e 2 de junho
Arraiá do Santíssimo Sacramento
Onde: Paróquia e Santuário Santíssimo Sacramento – 606 Sul, Asa Sul
Quando: 21 e 22 de junho