O Distrito Federal registrou, esta semana, mais um surto de caxumba em ambiente fechado. A doença infecciosa é caracterizada pela inflamação da glândula parótida, uma das glândulas salivares, que está localizada perto da orelha. Com o aumento de casos de caxumba, os brasilienses devem redobrar a atenção quanto à vacinação e aos fatores de risco, para evitar a contaminação. Entre janeiro e 18 de maio deste ano, foram registrados no DF 632 notificações de caxumba, representando mais do dobro de casos em relação ao mesmo período de 2018.
Ingrid Thayane Tomé Costa, 17 anos, contraiu a doença no Centro Educacional (Ced) 7, em Ceilândia, onde foi confirmado surto de caxumba esta semana. A adolescente apresentou sintomas discretos, que foram, inicialmente, confundidos com inflamação na garganta. “No primeiro dia, eu acordei sentindo um pouco de dor e tive febre baixa, pensei que poderia ser garganta inflamada ou uma simples dor de ouvido”, disse Ingrid.
Dois dias depois de terem aparecido os primeiros sinais da doença, o rosto da estudante começou a inchar e foi constatada a caxumba. “Depois de alguns dias, foi piorando, e eu percebi que poderia ser caxumba porque na minha sala de aula outras sete pessoas estavam com a doença. Eu fui ao posto de saúde, e o médico confirmou a suspeita”, contou a jovem.
No posto de saúde, Ingrid foi orientada a ficar de repouso. Com o diagnóstico veio a preocupação. “Me disseram que a caxumba poderia ‘descer’ para o umbigo, então fiquei com bastante medo. Além disso também senti um pouco de vergonha, porque o rosto fica muito inchado”, revelou a jovem.
O médico infectologista André Bon explicou que a caxumba realmente pode surgir em outros tecidos glandulares como o ovário e os testículos. “Da mesma forma que o vírus infecta a glândula parótida (glândula salivar próxima ao ouvido), pode infectar outros tecidos glandulares como ovário, mas é incomum”, explicou.
A doença se prolifera em ambientes fechados por se tratar de um vírus facilmente transmissível por meio do contato, da saliva e do ar. A aglomeração de pessoas facilita a contaminação. “Não existe um fator agravante específico, mas em tempos em que o clima está mais frio, as pessoas tendem a ficar mais aglomeradas e isso facilita a proliferação”, disse o médico André Bon.
Risco
Segundo especialistas, apesar de não haver um agravante específico, o principal fator de risco é a falta de vacinação. Pessoas que não tomaram as duas doses recomendadas da vacina tríplice viral (contra caxumba, rubéola e sarampo) têm maior risco de contrair a doença. “A vacina é a única forma de prevenir a doença. Todas as pessoas precisam ter tomado, no mínimo, duas doses”, alertou André Bon.
Após contrair a doença, demora, em média, 10 dias para os sintomas aparecerem. Na maioria das vezes, a doença produz sintomas discretos ou que nem mesmo aparecem. As manifestações mais comuns, quando ocorrem, são febre, calafrios, dores de cabeça, musculares, ao mastigar ou engolir, além de fraqueza e perda de apetite. É mais comum em crianças no período escolar e em adolescentes, mas também pode afetar adultos em qualquer idade.
De acordo com a Secretaria de Saúde, a incubação da doença varia de 12 a 25 dias, sendo, em média, 16 a 18 dias. O período de transmissibilidade da doença varia entre seis e sete dias antes das manifestações clínicas, até nove dias após o surgimento dos sintomas. Na situação de notificação de casos aglomerados, as pessoas infectadas precisam ficar isoladas por um período de 10 dias.
Na rede pública de saúde, a vacina tríplice viral (caxumba, sarampo e rubéola), aplicada aos 12 meses de vida, e a tetra viral (caxumba, sarampo, rubéola e varicela), aplicada aos 15 meses de vida, protegem contra a doença. Para crianças e adolescentes de até 19 anos, que não foram vacinadas anteriormente, são ministradas duas doses da vacina tríplice viral. Para pessoas com idade entre 20 e 49 anos que não foram vacinadas anteriormente, é necessária apenas uma dose da vacina. Se a pessoa tiver tomado duas dessas vacinas, não é necessário receber mais nenhuma.
Prevenção
» Lavagem e higienização frequentes das mãos;
» Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
» Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
» Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
» Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
» Manter os ambientes bem ventilados;
» Evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de caxumba.
Aulas suspensas
Em abril, o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), na Asa Sul, suspendeu as aulas após cinco alunos terem sidos diagnosticados com caxumba. No mesmo mês, um prédio da Caixa Econômica Federal, na 512 Norte, teve uma de suas partes interditadas. depois 12 funcionários apresentarem os sintomas da doença. Este mês, outro centro universitário na Asa Sul confirmou oito casos de alunos infectados com caxumba. Esta semana foi a vez do Centro Educacional (Ced) 7 de Ceilândia. O surto de caxumba foi identificado na unidade, onde cerca de 20 pessoas apresentaram sinais da doença.
O que fazer
A Secretaria de Saúde do DF recomenda que, na ocorrência de surto — quando ocorrem dois ou mais casos no mesmo ambiente, seja utilizada a vacina para quem manteve contato direto com as pessoas infectadas. Além disso, a Unidade Básica de Saúde mais próxima deverá ser informada o quanto antes para que as devidas providências sejam tomadas ou se pode acionar a equipe do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde — CIEVS/SES-DF pelo telefone 0800 6457089 / 9.9221-9439 ou por meio do e-mail: cievsdf@gmail.com.