As previsões negativas para a economia brasileira no ano de 2019 começam a se materializar nesta quinta-feira, 30. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulga pela manhã o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, que deve mostrar queda de 0,1% na atividade econômica do país.
Será a primeira vez que o PIB volta a encolher desde 2016. A queda é esperada por grande parte dos analistas e pelo próprio Banco Central, que divulgou em ata da reunião da última reunião do Comitê de Política Monetária que havia “probabilidade relevante” de que o PIB tenha registrado um “ligeiro” recuo.
Analistas vêm diminuindo a passos largos suas expectativas para este ano. O boletim Focus, que reúne previsão de diversos bancos, foi de previsão de crescimento de 2,6% em janeiro para 1,23% na última edição, divulgada nesta segunda-feira. Há quem esteja ainda mais pessimista, como o Itaú, que projeta crescimento de apenas 1% em 2019.
Em termos econômicos, a queda no PIB se deve ao trimestre de resultados negativos em indústria e serviços e alta ainda muito pequena no varejo. Também impactam fatores como a crise na Argentina, a queda nas ações da mineradora Vale após a tragédia em Brumadinho (MG) e eventos do mercado internacional, como a guerra comercial entre Estados Unidos e China.
Mas a culpa dos maus resultados é, sobretudo, do descompasso em Brasília. Com a vitória do presidente Jair Bolsonaro no ano passado, comprou-se a ideia de que o presidente e a equipe econômica capitaneada pelo ministro Paulo Guedes liderariam a retomada. Não demorou para a realidade se impor, com bate-cabeça entre ministros, declarações polêmicas do governo, protestos nas ruas e dificuldade do Executivo em passar no Congresso mesmo as Medidas Provisórias mais simples.
Os mais otimistas esperavam que a reforma da Previdência, vista como prioridade do ano, seria aprovada já em abril. Hoje, as previsões apontam para outubro. E com tantos problemas, nem mesmo a reforma será suficiente para, sozinha, ser a solução mágica para a economia, como afirma Sergio Vale, economista da MB Associados e colunista de Exame. “Será um período de crescimento muito baixo neste governo, porque não consigo ver o Bolsonaro se adequando a uma normalidade política. O mercado acreditou no que quis acreditar”, diz.
No fim, a saída passa por outras reformas (como a tributária, que vem sendo discutida no Congresso, ou as novas privatizações e parcerias público-privadas). Mas retomar a confiança depende, sobretudo, de uma mudança de postura do presidente Jair Bolsonaro. A conta do primeiro trimestre já chegou.