A busca por um consenso em torno da permanência dos estados na reforma da Previdência é o foco principal da 5ª reunião do Fórum de Governadores, que será realizada nesta terça-feira, em Brasília, em meio às repercussões da divulgação ilegal de diálogos entre procuradores da Lava-Jato e o então juiz federal Sérgio Moro, atual ministro da Justiça, que pode afetar votações no Congresso. Os participantes do Fórum se dividem sobre pontos cruciais do projeto do governo para Previdência. Embora todos sejam favoráveis a mudanças nas aposentadorias dos servidores estaduais e municipais, governadores do Nordeste fazem jogo de cena, ao condicionar apoio à reforma à exclusão de itens como a modificação do Benefício de Prestação continuada (BPC), já praticamente acertada com o relator.
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), coordenador do Fórum, assegurou ao Correio que discordâncias pontuais não enfraquecem a unidade em torno da proposta de manutenção dos estados na reforma da Previdência. “A carta dos governadores do Nordeste mostra que eles são favoráveis à reforma e querem que ela se estenda a estados e municípios; apenas querem proteger os mais vulneráveis, caso dos trabalhadores do campo. Eles também entendem que a reforma deve ser uniforme, o que seria muito difícil se houver a necessidade de aprovação nas câmaras de vereadores e assembleias legislativas”, disse o governador do DF.
“Vamos chegar a um consenso, que já está próximo. As discussões continuam antes mesmo da reunião em Brasília, via Whatsapp, como sempre tem sido. O tema é muito importante para o país, estados e municípios. Também vamos traçar estratégias para unir forças com os parlamentares, que não podem ficar como únicos responsáveis pelas mudanças”, acrescentou Ibaneis.
A mobilização dos governadores para manter os estados e municípios na reforma começou depois que vários parlamentares expressaram posicionamento contrário, temendo sofrer desgastes em seus redutos eleitorais pelo fato de a reforma ser uma matéria impopular.
Na reunião desta segunda-feira (10/6) em Brasília, o governador de São Paulo, João Doria, disse que deve haver mais “convergência” do que “divergência” sobre a reforma da Previdência. “A maioria dos governadores apoia a reforma e a manutenção de estados e municípios na proposta original do ministro [da Economia] Paulo Guedes”, afirmou Doria.
Para ele, o encontro deve fechar uma posição que talvez não envolva todos os governadores, mas certamente terá ampla maioria. “A busca é pela convergência, pelo entendimento. E está muito próximo de chegarmos a esse patamar com uma maioria expressiva”, afirmou o governador, que também foi perguntado por jornalistas sobre as possíveis consequências da divulgação, pelo site Intercept Brasil, de diálogos entre Moro, e integrantes da força-tarefa da Lava-Jato.
“É cedo para avaliar. Temos primeiro que certificar e não precipitar manifestações, decisões e muito menos juízos. É o momento de ter um pouco de cautela, até termos informações mais concretas, antes de fazermos qualquer avaliação”, disse o tucano.