Com um adensamento populacional de cerca de 60 mil pessoas por ano, o Distrito Federal é uma zona com potencial para escassez hídrica, frisou o diretor da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), Jorge Werneck, no Seminário Segurança Hídrica .
De acordo com Werneck, a taxa de crescimento na população do DF é duas vezes maior do que a média nacional. Com isso, os recursos hídricos na unidade da Federação correm o risco de ficarem cada vez menos abundantes para abastecer os brasilienses. “A população de Brasília cresce 2,25% a cada ano. Em contrapartida, a quantidade de água no DF ou diminui ou mantém o mesmo nível. Como consequência, cada cidadão do DF tem menos de mil metros cúbicos à disposição para utilizar o ano inteiro. Este é um numero baixíssimo”, destacou.
O diretor da Adasa explicou que, além da utilização dos recursos hídricos para abastecimento humano, a água do DF é bastante utilizada pela agricultura. “São pelo menos 16 mil hectares irrigados atualmente no Distrito Federal. Em períodos de seca, quando os agricultores mais precisam desse recurso, a captação de água pelo setor é muito maior do que a para abastecimento humano”, detalhou.
Dessa forma, Werneck frisou a necessidade de toda a população manter a consciência de não desperdiçar água, sobretudo após Brasília ter passado por racionamento entre janeiro de 2017 e junho de 2018. “Em decorrência das incertezas climáticas, temos que continuar trabalhando para aumentar a resiliência de nossos sistemas para que possamos garantir a segurança hídrica para a população do DF”, lembrou.
Quatro estratégias
Durante a pior crise hídrica vivida na história do DF, Werneck comentou que foi necessário implementar uma gestão integrada de recursos hídricos com diversos órgãos, como a Adasa, a Companhia de Abastecimento do Distrito Federal (Caesb), a Secretaria de Agricultura e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater).
“Foi algo inédito e complicado. Durante a gestão dessa crise, tivemos de tomar decisões muito difíceis. No entanto, ao mesmo tempo, aprendemos bastante. Hoje, a situação hídrica é muito melhor do que aquela vivenciada entre 2016 e 2018, contudo, ainda é pior do que a média histórica”, reconheceu.
Para superar o momento delicado dos recursos hídricos na capital, o grupo de gestão integrada se baseou em quatro pilares: governança e regulação, monitoramento e apoio à decisão, intervenções no meio urbano e intervenções no meio rural.
“No auge da crise, se não houvesse esse trabalho, a Bacia do Descoberto poderia ter ficado seis meses sem água. Portanto, é importante continuar avançando na implementação de instrumentos de gestão, nos investimentos em infraestrutura e no uso racional de água no DF”, afirmou.