A manhã desta segunda-feira (17/06/2019) começou tumultuada no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), na Asa Sul. Mulheres que procuraram a avaliação gratuita para colocar o DIU encontraram grandes filas no local. A unidade de saúde se preparou para receber 200 pessoas, porém, mais de 450 foram ao local.
O atendimento começou às 7h, mas muita gente chegou antes. A fila começava no portão do auditório e se estendia por todo o estacionamento, formando diversas voltas. Pequenas discussões entre seguranças e acompanhantes que esperavam por assistência também tomaram conta do espaço.
Alessandra Alves Ribeiro, 29 anos, saiu de Ceilândia e chegou ao Hmib às 6h30. Espantou-se com a quantidade de mulheres à espera de atendimento. “Estou achando péssimo. Acho que faltou mais informação, porque não fiquei sabendo que o número de vagas era limitado. Ninguém veio aqui na fila falar com a gente para esclarecer as coisas”, desabafou. Ela tem seis filhos e tenta atendimento há quatro anos, pelo posto de saúde da cidade onde mora, sem sucesso. “Eu acho uma humilhação”, acrescentou.
Médica responsável pela ação, Andreia Araújo informou que quem não conseguiu uma das 450 senhas precisou entrar em outra fila. De acordo com ela, essas mulheres serão chamadas para fazer o atendimento no segundo semestre deste ano. “A gente tem uma lista passando, para elas preencherem o nome e telefone. Serão convocadas em agosto”, garantiu.
Talita Lelis Pereira, 25, disse que vai seguir em busca de assistência. Ela ficou entre as mulheres na lista de espera para o mês de agosto. “Moro no Gama e peguei muito trânsito para chegar até aqui. Se tivessem divulgado mais, eu teria chegado mais cedo. Mas vou continuar tentando aqui e começar a procurar em outros hospitais.”
Vanessa Cardoso Guimarães, 29, reclama que o hospital não ofereceu nenhum apoio preferencial para quem estava na fila. “Não vi ninguém perguntar se a gente queria passar na frente e nem oferecer cadeira para se sentar. É um desrespeito para quem está com criança”, explicou. Ela saiu do Riacho Fundo com o filho de 2 anos e 10 meses para ser avaliada, mas não conseguiu senha e ficou na lista de espera para o segundo semestre. “Só não saí daqui para não dar viagem perdida.”
Acolhimento
De acordo com Andreia, o apoio às mulheres que estavam esperando foi feito pela equipe de segurança do hospital. “São muitas pessoas aqui dentro, acabamos dando as informações via vigilantes”, destacou.
A profissional também explicou que todas as pessoas que passaram pelo local, mesmo as que não receberam senhas, puderam assistir às palestras de acolhimento sobre métodos contraceptivos oferecidas no espaço.
Em nota, a Secretaria de Saúde ressaltou que “todas as mulheres que procuraram a unidade na manhã de hoje (17) serão acolhidas e avaliadas”. Segundo a pasta, a atividade faz parte de uma ação do hospital.
“Se o número de mulheres aptas for maior do que a quantidade disponível do contraceptivo no Hmib, o agendamento a estas pacientes para a colocação do DIU será feito na unidade básica de saúde (UBS), que é a porta de entrada para orientação quanto a este e a outros métodos contraceptivos. Ao longo do ano, o Hmib tem planos de fazer outras ações como esta”, informou a equipe da Saúde.
Apesar das reclamações, algumas pessoas elogiaram a ação. Gabriela Carvalho, 25, achou que o atendimento foi rápido. “Recebi a senha e logo me chamaram para entrar. Gostei muito do serviço. Os médicos foram bem compreensivos. O único problema foi a quantidade de gente”, pontuou.