A Polícia Civil e o Ministério Público do Distrito Federal apreenderam receitas, atestados médicos e carimbos na casa de Ruby Lopes, ex-supervisora de emergência do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Ela é investigada em um suposto esquema de venda de cirurgias e de leitos na rede pública de saúde.
Os materiais foram encontrados em um apartamento em Ceilândia, onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão na manhã desta sexta-feira (5). As diligências também foram feitas no HRT e na casa de parentes da mulher suspeita.
Ruby ficou conhecida por ser a primeira transexual a trabalhar na Câmara Legislativa do DF. Já, no hospital de Taguatinga, ela foi exonerada do cargo após o G1 revelar a suspeita de fraude.
Ruby Lopes, ex-supervisora de emergência do Hospital Regional de Taguatinga é alvo de operação — Foto: Foto: Facebook/Reprodução
Para o delegado Leonardo de Castro, da Coordenação Especial de Combate ao Crime Organizado (Cecor), os documentos apreendidos trazem indícios de que Ruby também vendia atestados e receitas médicas.
“Blocos de receituários e atestados médicos com timbre da Secretaria de Saúde corroboram com a suspeita de que, além da venda de cirurgia, ela praticava a venda de atestados e receitas.”
A reportagem tentou contato, mas não obteve um posicionamento da defesa dela até o fim da manhã desta sexta. Se comprovada a participação da ex-servidora no esquema, ela vai responder pelos crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica e falsificação de documento público.
Em nota, a direção do HRT disse que está à disposição da polícia para colaborar com a investigação.
Ex-supervisora de hospital do DF Ruby Lopes é alvo de operação que investiga venda ilegal de cirurgias — Foto: Polícia Civil do DF/Divulgação
Cirurgias por R$ 350
No dia 26 de maio desse ano, o G1 mostrou que Ruby prometia a pacientes que conseguiria cirurgias e procedimentos a um preço muito abaixo do mercado, em um hospital particular de Brasília. Para isso, cobrava o pagamento de uma taxa (ouça áudio abaixo).
Quando se aproximava a data do procedimento, no entanto, a ex-supervisora de emergência do HRT avisava aos pacientes que o atendimento seria realizado no hospital público – onde a cobrança é proibida. Em uma das gravações, Ruby Lopes negocia uma cirurgia por R$ 350
Servidores da Secretaria de Saúde, enviaram áudios para o G1, denunciando o esquema.
Ela também é suspeita de cobrar pela transferência de pacientes para quartos do hospital. Em um dos casos, um homem denunciou que Ruby cobrou R$ 1,2 mil para transferir o irmão dele, que estava no pronto-socorro.
A reportagem teve acesso a uma conversa em que, a ex-servidora pergunta ao irmão do paciente se ele já tinha feito o depósito. Em seguida, pede que ele leve o dinheiro até a casa dela (veja abaixo).
Conversa mensagem enviada para o acompanhante do paciente, Ruby perguntou se ele já tinha feito o depósito. — Foto: Arquivo Pessoal