São Paulo – O Ministério Público Federal de Brasília abriu um inquérito civil público e vai investigar se as operadoras de telefonia podem ser responsabilizadas pelas invasões de hackers aos celulares que culminaram no vazamento de conversas privadas do ministro Sergio Moro, do procurador Deltan Dallagnol e de outras autoridades.
A investigação se dá dias depois de a Polícia Federal prender quatro suspeitos de terem realizado a invasão aos celulares. O órgão vai analisar se possíveis brechas nos sistemas das empresas de telefonia facilitaram o trabalho dos invasores para obter conversas privadas de Moro e de procuradores da Lava Jatono aplicativo Telegram.
Uma das vulnerabilidades que teria sido explorada no caso seria o acesso à caixa postal de um número de telefone usando o mesmo número do destinatário. Como o código de ativação do Telegram pode ser solicitado por chamada telefônica, bastou que os hackers mantivessem o telefone alvo com a linha ocupada. A mensagem, então, era direcionada para a caixa postal.
Com o esquema deflagrado, as operadoras de telefonia começaram a adotar mudanças em suas práticas. As operadoras Vivo, Claro e Tim, por exemplo, já não permitem realizar o procedimento de acesso à caixa postal por ligação para a própria linha.
O Telegram também se movimentou neste sentido. O aplicativo só envia um código de confirmação por chamada telefônica caso o usuário tenha ativado um sistema de autenticação em dois fatores, recurso que garante mais segurança ao programa.
O Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) se manifestou afirmando que as operadoras são seguras, mas não têm controle sobre o conteúdo de aplicativos e que alerta para que os clientes optem pelos padrões de segurança mais rigorosos.