A estudante Larissa Vasconcellos de Souza, de 15 anos, não quis festa de debutante. Ao contrário de comemorar o aniversário, ela procurou uma instituição para doar os longos cabelos castanhos.
“Quero incentivar as pessoas pra que ajudem quem precisa.”
A pequena Alice, de 4 anos, pediu para a mãe que a deixasse cortar o cabelo como a Branca de Neve. “Ela ouviu uma conversa sobre doação de cabelos e quis participar da ação”, conta Débora Sampaio.
Alice, de 4 anos faz doação para pacientes com câncer no DF. — Foto: Arquivo Pessoal/Débora Sampaio
Abrahão, de 7 anos, nunca havia cortado o cabelo. Ele foi levado pela mãe até o Instituto Hospital de Base, em Brasília, onde a Rede Feminina de Combate ao Câncer faz uma campanha para confeccionar perucas.
Ao entregar os fios cacheados, em meio a sorrisos tímidos, Severina da Conceição contou que cumpria uma promessa feita durante a gestação.
Abrahão Silva, de 7 anos faz a sua primeira doação para pacientes com câncer no DF. — Foto: Larissa Passos/G1
Abrahão, Alice e Larissa são três entre cerca 2 mil pessoas que doaram cabelos este ano no Distrito Federal. Somente o Hospital de Base (HBDF) recebeu 1759 doações que se transformaram em perucas para pacientes com câncer.
De acordo com a Rede Feminina de Combate ao Câncer, são 50 mechas doadas por dia. Para a coordenadora de voluntários, Vera Lúcia Bezerra da Silva, a doação é fundamental para o empoderamento e a autoestima das mulheres em tratamento.
“É uma forma de minimizar o sofrimento delas.”
Inauguração do Banco de Perucas no Hospital de Base, no DF. — Foto: Larissa Passos/G1
Vera conta que a rede fazia entrega de perucas de três em três. Mas com a inauguração do Banco de Perucas “o processo vai ser mais rápido”, comemora.
“A paciente vai aguardar, no máximo, uma semana. Se a peruca já estiver disponível no momento do cadastro, ela já poderá levar também.”
Rapunzel
Larissa conta que sempre gostou de ter cabelos longos. Ela diz que se inspirava em princesas e Rapunzel era a favorita.
“Eu sempre fui muito apegada com o meu cabelo, nunca cortei muito.”
Ao completar 15 anos, a estudante queria fazer algo que marcasse. Mas não pensou em festa.
Após fazer um tratamento na Rede Hospitalar Sarah, no Distrito Federal, decidiu abrir mão dos fios que davam tanto orgulho.
Larissa Vasconcellos de Souza, de 15 anos, doando para pacientes com câncer no DF. — Foto: Arquivo Pessoal/Dulce Neta
“Às vezes a gente tem que deixar a vaidade de lado e fazer caridade.”
Pequena doadora
Débora Sampaio, mãe de Alice, doou o cabelo da filha para a Casa do Menino Jesus, no Gama. Surpreendida pela atitude da menina, ela agora diz que está deixando o cabelo crescer para também entregar as mechas.
“Fazer doação faz mais bem pra nós do que quem tá recebendo. A gente acaba até ficando mais leve quando doa.”
Promessa
Abrahão Silva, de 7 anos faz a sua primeira doação para pacientes com câncer no DF. — Foto: Larissa Passos/G1
A mãe de Abrahão contou os dias para cortar o cabelo do filho. Após sofrer complicações durante a gestação, ela disse que deixaria o cabelo do menino crescer até que ele completasse 7 anos.
Severina contou ao G1 que se sentiu muito feliz em fazer a doação e cumprir a promessa.
Como doar?
A Rede Feminina de Combate ao Câncer recomenda que o doador corte o cabelo amarrado e seco, com pelo menos 30 centímetros. Depois do corte, o cabelo deve ser colocado em um saquinho ou envelope.
” Não há problema de ter química no cabelo”, diz a Rede Feminina de Combate ao Câncer.
Além de doações de mechas, a instituição recebe itens de higiene pessoal, roupas para bazar, cobertores, lenços e toucas.
Confira locais que recebem doações no DF
- Rede Feminina de Combate ao Câncer: Hospital de Base – Área Especial – quadra 101, Asa Sul
- Abrace: QE 25, Área Especial 1 – CAVE, Guará II
- Casa do Menino Jesus: EQ 14/18 – Área Especial Setor Oeste – Gama