Dos 230 mil jovens que acharam um emprego remunerado nos últimos 12 meses, 89% estão na informalidade. O que é o mesmo que dizer que quase 9 em 10 pessoas entre 18 anos e 24 anos encontram-se nessa situação, segundo levantamento feito pela consultoria IDados.
Dos informais, 85 mil jovens dizem que estão trabalhando sem carteira assinada e 119,2 mil por conta-própria e sem CNPJ.
Do montante total, 32,5 mil dizem que estão empregados no setor privado e com carteira assinada.
A taxa de desemprego oficial medida pelo IBGE para a faixa etária do levantamento é a segunda maior entre os grupos de idade: 31,6% ante a umataxa geral de 12% no segundo trimestre.
A maior taxa de desemprego fica para o grupo de 25 anos a 39 anos, de 34,2%.
“Eles têm menos experiência, menos preparo, menos educação e, por isso, menos empregabilidade em relação a um adulto”, explicou Daniel Duque, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), a EXAME em junho.
“Outro problema é o ‘azar’, digamos assim, dessa geração. É a de maior quantidade de jovens de 18 a 30 anos que já existiu no Brasil, o que faz com que a competição entre eles seja muito maior”, ressaltou Duque.
Praticamente um em cada quatro jovens no Brasil não estuda nem trabalha, segundo dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad contínua) sobre educação.
O porcentual é ainda mais alto na faixa etária que vai dos 18 aos 24 anos, idade em que, teoricamente, deveriam estar na universidade, chegando a 27,7%.
Retomada lenta
O desemprego caiu para 12% no segundo trimestre, repetindo a menor taxa do ano.
Mas o Brasil segue com 12 milhões de desempregados, além de uma população recorde de pessoas atuando por conta própria (24,141 milhões) e trabalhando sem carteira assinada no setor privado (11,500 milhões).
O número de trabalhadores com jornada aquém do desejado também atingiu o patamar máximo: 7,355 milhões.
Outros 4,877 milhões de brasileiros estão desalentados, ou seja, deixam de procurar emprego acreditando que não conseguiriam uma oportunidade, por exemplo, segundo dados Pnad.
Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, mesmo com a esperada aceleração do crescimento econômico no ano que vem, o desemprego deve seguir, em média, acima de 11%.
O economista prevê ainda que o desemprego pode atingir um digito só no fim deste mandato presidencial, em 2023.
O desemprego costuma ser chamado de último vagão do trem da recuperação econômica, justamente porque é o último a reagir às mudanças na atividade.