Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento são fundamentais para que o Brasil possa ter um papel relevante nas indústrias mais promissoras do futuro, de modo a garantir o crescimento da economia e o desenvolvimento do país. Essa é a avaliação de Ezequiel Zylberberg, pesquisador do Massachusetts Institute of Technology (MIT), especializado em política industrial, que participou de um evento em São Paulo nesta quinta-feira (29), que discute o Futuro do Trabalho.
O pesquisador diz temer que a crise econômica, da qual o país ainda não se recuperou, esteja prejudicando os avanços do Brasil nas áreas de pesquisa e desenvolvimento. Cortes promovidos pelo governo federal no Ministério de Ciência e Tecnologia, por exemplo, ameaçam deixar mais de 18 mil bolsistas do CNPq sem o pagamento das bolsas.
“Se o país quiser estar à frente, precisa ter um investimento consistente em pesquisa. Sem isso, é muito difícil ser um líder em inovação“, disse o pesquisador. “É preciso que as autoridades garantam que o país não esteja ficando para trás. Pode ser uma perda catastrófica para o Brasil.”
Durante a sua palestra, o pesquisador ressaltou ainda a importância de o Brasil fazer investimentos direcionados em setores estratégicos de modo a se especializar na fabricação ou na atuação em segmentos altamente especializados.
Ele citou o exemplo de Singapura, país do sudeste asiático que investiu na produção de disco rígidos (componente que armazena arquivos e dados dos computadores) e hoje é um líder mundial nessa indústria. “Se nada é uma prioridade, fica difícil ser competitivo. É preciso ter alguma especialização”, disse.
Segundo ele, é preciso ainda que haja uma maior integração das indústrias brasileiras com o mercado global, de modo que o Brasil possa desenvolver tecnologias com demanda mundial. Um é exemplo é a fabricante de aeronaves Embraer, que é hoje uma das empresas mais internacionalizadas do país. “Esses setores estratégicos precisam ser apoiados, mas de forma diferente, engajados na economia global. A Embraer é a exceção não é a regra. Se o Brasil quiser escalar, tem que olhar além (do mercado interno)”, afirmou.