São Paulo – Embora o mundo esteja abraçando cada vez mais produtos tecnológicos de última geração – celulares, TVs inteligentes e videogames -, o Brasil parece estar perdendo a confiança no universo da tecnologia.
De acordo com o Indicador de Confiança Digital, pesquisa recorrente que analisa o que o brasileiro pensa sobre mudanças de diversas áreas – como sociais, políticas, ambientais e tecnológicas -, a tecnologia perdeu cerca de 3,2% de sua credibilidade e segurança, de 2018 para 2019. A população brasileira está desconfiada e pessimista quanto ao uso excessivo de produtos tecnológicos em suas vidas.
A primeira pesquisa apontava, em uma escala de no máximo 5 pontos, que os brasileiros tinham 3,92 pontos de confiança na tecnologia. Já a segunda pesquisa registrou 3,33 pontos e a terceira, 3,22 – representando uma queda de 3,2% da primeira pesquisa para terceira.
Responsável pela pesquisa, André Miceli, coordenador do curso de MBA em marketing digital da Faculdade Getúlio Vargas (FGV), relaciona a queda de confiança a escândalos digitais que ocorreram nos últimos anos. Alguns exemplos são o vazamento de dados do Facebook para a empresa Cambridge Analytica e a falha de segurança da empresa de dados Elasticsearch. Os dois casos deixaram expostos dados pessoais de um grande número de pessoas.
“Nesse período, surgiram diferentes escândalos de vazamentos de dados, invasão de hackers e divulgação de notícias falsas (fake news) – fatores que, portanto, afetaram a forma como o público vê a tecnologia. A tensão e a polaridade política vistas nas redes sociais também podem ter influenciado nesse resultado”, disse Miceli em nota.
Entre os entrevistados, os adultos e idosos apresentaram uma visão mais otimista quanto aos benefícios da tecnologia e suas funções em suas vidas. O caso dos adolescentes foi diferente. Os participantes do estudo com idades na faixa dos 13 aos 17 anos indicam uma nota de apenas 3 pontos, abaixo da média total do estudo. De modo geral, as gerações mais velhas tiveram uma pontuação mais positiva: os entrevistados que tinham entre 55 e 64 anos apresentaram uma pontuação de 3,57/5 – a mais alta.