Previsões: a empresa americana Forrester Resarch está prevendo para os próximos dez anos, uma perda de 25 milhões de empregos só nos Estados Unidos. Isso é o triplo dos empregos perdidos após a crise financeira. Como os americanos são melhores em estatísticas, são de lá os dados que apontam a diminuição de 90% dos empregos nas fazendas; entre 1870 a 1970 e depois, de 1950 a 2010, os americanos perderam 75% dos empregos nas fábricas. David Lee (ted.com) argumenta “tivemos 100 anos para mudarmos de fazendas para as fábricas e depois 60 anos para construirmos uma economia de serviço… Atualmente só teremos de 10 a 15 anos para nos ajustarmos e, se não reagirmos rápido o suficiente, no mesmo tempo em que os alunos do ensino fundamental de hoje se tornarem universitários, poderemos estar vivendo em um mundo robótico, de grande desemprego e preso a uma espécie de crise econômica incomparável”.
O mesmo entre nós: no Brasil, proporcionalmente, aconteceu o mesmo que nos Estados Unidos. Após a Segunda Grande Guerra, com o início da industrialização, transferimos a maior parte da população do campo para as cidades. Fizemos em 50 anos a inversão espacial da população, aquilo que a Europa demorou 300 anos para fazer e os Estados Unidos 100 anos. Na desindustrialização e transformação, entre o final do século passado e estas duas primeiras décadas do terceiro milênio, o setor de serviços no Brasil tornou-se o mais forte, oferecendo a maior quantidade de empregos. Nossas cidades cresceram exponencialmente.
Cidades: o êxodo rural brasileiro inchou as cidades e todos ainda estão pagando o preço pela falta de previsão e descaso com o planejamento urbano. O processo de urbanização começou no século 18 com a Revolução Industrial e vem crescendo desde então. Países da periferia do planeta construíram megalópoles. Para citar um único exemplo, São Paulo, a maior cidade brasileira, está entre as 15 maiores cidades do mundo e seu Produto Interno Bruto é o décimo. Sua população, considerada a região metropolitana, é de 20 milhões de habitantes. O Brasil tem outras cidades grandes e todas com os mesmos problemas urbanos. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), até 2050, dois terços da população mundial viverão nas cidades. Então, os problemas só tendem a aumentar.
Equação Complicada: a densidade nas cidades, o aumento da expectativa de vida e a diminuição do nível de empregos criam uma complicadíssima equação social: como alimentar esses grandes contingentes populacionais? Não se descobriu ainda um outro ramo ou setor minimamente parecido com a agricultura, a indústria ou os serviços que seja capaz de suprir essa carência de empregos. Como grande parte do trabalho estará sendo feito por robôs ou softwares, isso cria uma agravante para a já quase insustentável crise de empregos. Não é à toa que Bill Gates e Mark Zuckerberg, entre outras pessoas importantes e influentes, estejam defendendo, desde já, a criação de mecanismos para o estabelecimento de uma renda mínima financiada pelos cofres públicos, a partir de novos impostos. Veja bem, não é um bolsa-família para pessoas pobres, é ajuda para pessoas desempregadas, talvez com diplomas de curso superior. Na OIT (Organização Internacional do Trabalho) já há alguns anos se discute o Piso de Proteção Social e talvez essa expressão já esteja superada pelos desafios do presente.
Jornalista: Sebastião Morais 11680/MTB