A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de rejeitar a criação da Rede Sustentabilidade terá consequências importantes no cenário político do Distrito Federal. O fracasso do partido de Marina Silva frustra os planos do deputado federal José Antônio Reguffe (PDT) e do distrital petista Chico Leite, campeões de voto em 2010 e que sonhavam com um palanque ao lado da ex-senadora. O desfecho também fragiliza a candidatura do senador Rodrigo Rollemberg (PSB), que planejava parceria com Marina.
Por outro lado, o entendimento do TSE é uma vitória para o governador Agnelo Queiroz, que terá um partido a menos na oposição a sua gestão. Por seis votos a um, os ministros da Corte eleitoral entenderam que a Rede não cumpriu os requisitos da legislação. Marina ainda poderá criar o partido, mas os filiados não disputam o pleito de 2014.
Muitos políticos do DF aguardavam esse desfecho para decidir qual caminho seguir. Os que sonhavam com o ingresso na Rede Sustentabilidade terão que continuar nas atuais legendas ou vão precisar negociar uma mudança de partido até sábado. Além da repercussão nacional da decisão do TSE, a rejeição da sigla tem impacto expressivo em Brasília, onde Marina Silva apresentou seu melhor desempenho em 2010 na disputa pela presidência da República. Ela acabou a corrida eleitoral em primeiro lugar no DF e conquistou mais de 610 mil votos, o equivalente a 41% do eleitorado da capital federal. Os entusiastas da criação da Rede Sustentabilidade sonhavam em herdar esse espólio eleitoral, além de inflar a votação com a presença dela no palanque.
O deputado pedetista Reguffe foi um dos principais apoiadores da ex-senadora em Brasília. Na última terça-feira, durante ato em prol da criação do partido, ele posou para fotos ao lado de Marina Silva, carregando placas em apoio à Rede Sustentabilidade. Apesar de o PDT estar na oposição ao governo Agnelo, há receio de uma possível imposição de aliança pelo diretório nacional. Reguffe cogitava uma candidatura ao Palácio do Buriti ou ao Senado pelo partido de Marina Silva.
O pedetista lamentou a decisão do TSE, que considerou uma “injustiça”. Para ele, Marina Silva tinha o direito de disputar o pleito de 2014 na nova legenda. “Foi uma derrota de todos os que sonham com uma forma diferente de fazer política neste país. Eleição tem que ser decidida na urna. Uma pessoa que reúne mais de 20% das intenções de voto não pode ficar fora das eleições”, argumenta o deputado. “A Rede reuniu o número de assinaturas necessárias, e o entendimento do TSE foi uma injustiça. Isso não é correto”, acrescentou o parlamentar, que continua no PDT.