Apesar dos recordes registrados ao longo do mês de casos diários de covid-19, os números do Distrito Federal caíram nesta quarta-feira (26/1). Foram 5.485 infectados pelo novo coronavírus em um intervalo de 24 horas, e a taxa de transmissão ficou abaixo de 2 pela primeira vez nos últimos 12 dias. Apesar disso, o Governo do Distrito Federal (GDF) espera que o pico de infecções causadas pela variante ômicron ocorra até 15 de fevereiro. Segundo o governador Ibaneis Rocha (MDB), apesar do prognóstico, o Executivo local não pensa em adotar mais medidas restritivas. “Por enquanto, não”, reforçou Ibaneis.
Para a infectologista Ana Helena Germoglio, a onda de alta de casos ainda não foi superada. “Isso reflete a dificuldade de acesso à testagem. Hospitais cheios, laboratórios cheios e com insumos restritos. Isso gera mais demora na testagem e, consequentemente, desestímulo à população”, explicou. A médica ainda afirmou que algumas pessoas que têm contato com um infectado não buscam realizar os testes. “Ou dificuldade de acesso ou, quando uma pessoa no núcleo familiar testa positivo, os demais sintomáticos já estão se considerando positivos também”, considerou.
Ana explicou que, apesar da queda de casos, a expectativa de que o pico ocorra nas próximas duas semanas se mantém. “Todas as previsões indicam isso. E, se tomarmos como base o que houve nos Estados Unidos, também temos esse indicativo”, confirmou.
Em relação aos testes, a Secretaria de Saúde informou que a testagem ocorre nas Unidades Básicas de Saúde do DF, no Aeroporto de Brasília, para passageiros que desembarcam na capital federal, e na Rodoviária do Plano Piloto. Segundo a pasta, em algumas UBSs, a distribuição de senhas foi adotada como medida de organização das filas, além de controle da capacidade de atendimento de cada unidade. “A secretaria destaca que não há desassistência à população, mas o atendimento em todas as unidades de saúde é realizado por pessoas, e essas pessoas adoecem e se afastam também para cuidar da própria saúde”, afirmou a pasta, em nota.
Recordes
Em janeiro, apenas os três primeiros dias úteis registraram menos de 1 mil casos. Ontem, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde, foram 5.485 casos e cinco mortes — o recorde de óbitos do ano. Desde o início da pandemia, a capital do país registrou 584.615 infectados e 11.152 mortos.
Com as atualizações, a média móvel de casos chegou a 6.125,40, valor 121,55% maior do que o de 14 dias atrás. Já a mediana de mortes está em 3,40, o que indica um aumento de 112,50% quando comparado com o mesmo período.
A taxa de transmissão da doença está em 1,87, ou seja, um grupo de 100 pessoas transmite a doença para outros 187. É a primeira vez em 12 dias que o índice está abaixo de 2. Porém, segue acima de 1, que é o número considerado seguro pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
De acordo com um levantamento feito pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), a capital federal passa pela pior onda da pandemia. A primeira fase teve um recorde de 3.172 infecções diárias, com 55 mortes e taxa de transmissão em 2,61. Ainda segundo o informe, em janeiro deste ano, o DF registrou o recorde de casos ativos desde o início da pandemia. O valor foi de 39.745, notificado na última terça-feira. Além disso, os casos ativos tiveram uma alta de 2.755% durante o mês. Em 3 de janeiro, o valor era de 2.028.
UTIs
A taxa de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para covid-19 da rede pública de saúde caiu para 95,59%, após passar as primeiras horas desta quarta-feira (26/1) em 98%. Por volta das 16h30, das 74 UTIs, 65 estavam com pacientes, três vagas e seis bloqueadas aguardando liberação. Na rede privada, a taxa estava em 57,85%, sendo que 71 dos 137 leitos estavam ocupados.
Fonte: Correio Braziliense