O volume do crédito consignado, que é descontado diretamente na folha de pagamento, bateu recorde em 2021 e atingiu R$ 513,5 bilhões contratados em dezembro. De acordo com dados do Banco Central, é o maior valor já registrado nessa modalidade de empréstimo.
O saldo total de dezembro cresceu 14% comparado ao mesmo período de 2020, quando havia R$ 439 bilhões. Nos últimos 12 meses, o aumento acumulado chegou a 17%, num total de R$ 5,7 trilhões, coincidindo com o período da segunda onda da pandemia de Covid-19.
Desde o começo de 2022, as novas contratações, renovações e portabilidades passaram a obedecer ao limite de comprometimento de 30% dos rendimentos, e não mais 35%, como vigorou até o fim de 2021. Além disso, o teto de juros passou de 1,8% para 2,14% ao mês. Nas operações realizadas com cartão de crédito, a taxa subiu de 3% para 3,06% ao mês.
Para o economista Josilmar Cordenonssi, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o aumento do volume do consignado mostra a dificuldade que as pessoas estão tendo em manter o padrão de consumo, ou tentando aumentar a renda, na esperança de que a crise seja transitória.
O economista também avalia que a alta dos empréstimos pode ser um obstáculo para a retomada da economia no pós-pandemia. “A economia deverá crescer em um ritmo mais lento, porque a capacidade de se endividar das pessoas para aumentar o consumo vai ser menor. Em vez de consumirem, as famílias estarão pagando dívidas antigas. A demanda tende a ser menor nessa recuperação”, afirma Cordenonssi.
Quase 40% do volume total é de empréstimos para aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Em dezembro, o consignado para os segurados chegou a R$ 192,4 bilhões contratados.
O INSS afirmou em nota que a modalidade de crédito é firmada em um contrato particular entre a instituição bancária e o segurado e que orienta os beneficiários a não repassarem dados como senhas e informações bancárias a estranhos, em especial, por telefone.
Segundo o instituto, em caso de fraudes, ou em que não reconheça os empréstimos, o segurado deve procurar a empresa ou banco que emitiu o crédito e registrar uma reclamação no Portal do Consumidor (consumidor.gov.br).
“O bloqueio de empréstimos consignados pode ser solicitado pelo MEU INSS, no site ou aplicativo, ou pela Central 135, disponível de segunda-feira a sábado, das 7h às 22h”, informou em nota.
Mas o empréstimo consignado pode ser importante para aqueles que precisam de dinheiro numa emergência, por ter a taxa mais baixa do mercado. De acordo com Amanda Rapouzo, gerente de eCred da Serasa, a modalidade de crédito oferece benefícios e diferenciais, mas por isso mesmo requer cuidados na hora da contratação.
“Além de pesquisarem a idoneidade das empresas que oferecem esse modelo de empréstimo, o aposentado ou seus familiares devem mapear os eventuais riscos que envolvem a operação para, de fato, aproveitar as melhores oportunidades do mercado e as mais adequadas para o seu bolso”, afirma a responsável pelo crédito da Serasa. A seguir, veja as orientações e cuidados que a especialista destaca para evitar problemas com dívidas.
. Faça as contas
Antes de contratar o empréstimo, verifique se as parcelas cabem no seu orçamento e coloque no papel os possíveis impactos das prestações em seus débitos mensais.
· Cuidados com os documentos
Nunca compartilhe seus dados/cartão do banco ou qualquer documento com desconhecidos, para que possam fazer empréstimo em seu nome.
· Atenção para a venda casada
Para conseguir o crédito consignado, não é necessário contratar outro produto ou serviço do banco ou da financeira que está oferecendo o empréstimo. Ao se deparar com uma oferta desse tipo, desconfie.
· Cuidado redobrado com ofertas por telefone
Atenção às ligações para oferecer crédito consignado. Nunca informe seus dados pessoais nem bancários por telefone ou WhatsApp.
· Pesquise tudo
É fundamental conferir nos bancos e nas financeiras as taxas e as condições que mais combinam com a sua realidade financeira. Assim como se faz pesquisa de preços na hora de comprar um produto, a mesma postura deve ser adotada na hora de solicitar um crédito.
Fonte: Correio Braziliense