A bioeconomia está cada vez mais presente em nossas vidas, mesmo quando não nos damos conta disso. Na energia fotovoltaica que aquece a água do chuveiro, na sacola biodegradável em que embrulhamos nossas compras e até no combustível do carro ou do ônibus somos usuários desse novo padrão de produção, baseado em recursos biológicos e renováveis.
É uma tendência global e irreversível, impulsionada pelos acordos internacionais em torno do aquecimento global e pelas preocupações e compromissos de governos, empresas e consumidores com as questões ambientais.
O Brasil não pode perder mais essa oportunidade de explorar o imenso potencial de nossa biodiversidade e as vantagens competitivas de nosso agronegócio, inserindo nossa economia na onda de substituição dos combustíveis fósseis por biocombustíveis e dos produtos químicos e materiais não renováveis por bioprodutos.
No caso específico dos biocombustíveis, temos matéria-prima, tecnologia de produção e oferta de produto em potencial de escala para abastecer o mercado interno e externo. Na cadeia do álcool combustível já temos décadas de expertise, na do biodiesel estamos avançando, apesar de alguns percalços recentes fruto do fortíssimo lobby do petróleo, e na produção do bioquerosene de aviação temos tudo para nos constituirmos em importantes players internacionais.
Além disso, há demanda e oportunidades para o desenvolvimento de novas matérias primas e de novos processos agroindustriais relacionados com sua produção, com importantes impactos socioeconômicos para o desenvolvimento e para a redução das disparidades entre as regiões.
Os bicombustíveis são importantes porque, além de emitirem consideravelmente menos gases de efeito estufa em seu ciclo de vida, o carbono que emitem é um carbono ciclado na natureza, ao contrário dos combustíveis fosseis que adicionam carbono novo, retirado da atmosfera a milhões de anos, quando ainda não estávamos no Planeta. Somente em 2020 e 2021, estimativas do Ministério de Minas e Energia indicam que mais de 25 bilhões de toneladas de CO2 equivalentes deixaram de ser emitidos em nossa atmosfera pelo uso de biocombustíveis em substituição aos combustíveis fósseis.
Empresários e investidores estão percebendo, no mundo todo, que a mudança do clima já está em curso e vai impactar seus negócios de uma forma ou de outra. Já perceberam também que a saída está em novas tecnologias e novos processos produtivos e já estão redirecionando seu capital para tecnologias e para empresas que vão sobreviver nessa nova economia.
Flávio Schuch, autor desse artigo, economista formado pelo Centro de Ensino Universitário de Brasília – UniCEUB, especialista em Desenvolvimento Local pelo Centro Internacional de Formação da Organização Internacional do Trabalho – CIF/OIT de Turim, IT e mestre em Planejamento e Gestão Ambiental pela Universidade Católica de Brasília – UCB. Tem experiência profissional e acadêmica nas áreas de política e economia, com ênfase em meio ambiente e sustentabilidade.
Da Redação Brasil 060