Renata d’Aguiar se destaca com pauta inclusiva no Distrito Federal
Uma mulher com princípios éticos, que combate a segregação social, vem fazendo a diferença no Distrito Federal devolvendo o protagonismo para as pessoas com deficiência, idosos, além dos que vivem em situação de vulnerabilidade social. Nascida no Rio de Janeiro, a economista Renata d’Aguiar veio para Brasília em 2014, após passar no concurso do Tesouro Nacional, onde atua como Auditora Federal de Finanças e Controle.
Por ter uma boa vida financeira, d’Aguiar sempre olhou com generosidade para o próximo, buscando amenizar os problemas sociais para quem vive à margem da sociedade. Inclusive, recentemente, a ex-diretora da Diretoria de Gestão de Fundos e Benefícios do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) apresentou um trabalho que foi submetido ao Prêmio SPE de Propostas de Políticas Econômicas 2021, do Ministério da Economia, com uma proposta de redução da desigualdade educacional, sem impacto fiscal para o país, tendo em vista que a pauta é de interesse público e de direito comum.
“Sempre fui defensora da inclusão social. Em 2017, idealizei o Instituto Reciclando o Futuro com objetivo de resgatar o valor social e a cidadania. Com esse olhar, quando estive como Diretora do FNDE, observei algumas políticas públicas que iam de encontro aos princípios constitucionais da redução das desigualdades regionais e sociais. Aproveitei a elaboração da Tese do meu Mestrado em Economia, no IDP, para me dedicar mais profundamente ao estudo sobre o aumento da desigualdade educacional provocada pela política do Salário-Educação, uma das principais fontes de financiamento da educação básica”, explica a Auditora.
Em entrevista, d’Aguiar pontuou que o Salário-Educação é a segunda principal fonte de financiamento de programas, projetos e ações voltadas para educação básica, como transporte escolar, assistência à saúde, programas de material didático e alimentação, conforme previsto no Art. 212, da CF/88. Só em 2020, o valor repassado para os estados e municípios foi de R$ 21 bilhões, de acordo com a arrecadação, o que gerou prejuízo aos Entes com menores capacidades financeiras, em decorrência da crise econômica.
“A pesquisa apresentou uma política capaz de corrigir o problema da desigualdade educacional provocada pela política de distribuição do SE, através da distribuição de recursos proporcionalmente ao número de alunos e não às arrecadações dos Entes. Esse formato, inclusive, foi proposto no PL nº 347, de 2019. A justificação do PL dá destaque também ao Projeto de Lei nº 1.655, de 2011, de autoria da Deputada Professora Dorinha Seabra Rezende, atual Presidente da Comissão de Educação, de que a distribuição dos recursos do Salário-Educação deve ser nacional e conforme as matrículas, independentemente da arrecadação obtida em cada ente federativo”, observa.
Como solução apresentada pela Auditora d’Aguiar, a mudança na forma de distribuição do valor total teria que ser mudada. “Vinte e dois (22) Entes federados teriam um ganho com essa nova forma de distribuição do SE. No estudo também analisei a relação do Salário-Educação com o IDEB, principal instrumento de avaliação da educação básica brasileira, evidenciando que o Salário-Educação impacta os resultados do IDEB, podendo, então, melhorar os resultados da educação básica dos Estados brasileiros”.
Renovando de sonhos
Com um nome forte, a entidade gera um sentimento de esperança para as pessoas que perderam seus sonhos em meio aos desafios impostos pela vida. O Instituto nasceu em meio ao maior lixão a céu aberto da América Latina, localizado na Cidade Estrutural do DF, onde mulheres, homens e crianças vieram para a Capital do país em busca de uma melhor condição financeira. Com quase 200 hectares de área ocupada, localizado apenas 20 km do Plano Piloto, o lixão empregava 2 mil catadores em condições insalubres.
Em 2018, após uma decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, o Lixão da Estrutural encerrou suas atividades e muitos catadores que não faziam parte de cooperativas ficaram sem a única forma de renda e vivendo em uma situação de extrema miséria. E é nesse momento que entra a corajosa Renata d’Aguiar, por meio da entidade, buscando capacitar as mulheres catadoras que não tinham outra fonte de renda, gerando autoestima, integrando essas mulheres e suas famílias na sociedade, por meio do esporte e de eventos, e disseminando o sentimento de solidariedade.
“A nossa sociedade se formou a partir de tradições incorporadas nas nossas leis. Vivemos em constante mudança, buscando o aperfeiçoamento das leis de acordo com os novos conceitos que vêm sendo implementados no nosso dia a dia. A ideia da reciclagem nos remete ao aproveitamento do que temos, sempre em busca de um aprimoramento consciente. No caso do Reciclando o Futuro, seria o aproveitamento de tudo que temos construído em busca de um desenvolvimento inclusivo”.
“Deus não une pessoas, une propósitos”
Durante a entrevista, Renata d’Aguiar que tem um coração cheio de amor e transforma a vida dos brasilienses necessitados, confidenciou que por algumas vezes pensou em desistir. “Não é fácil estar à frente de projeto social. Nós alimentamos expectativas e sonhos o tempo todo. Temos que honrar com todos os compromissos, mantendo a credibilidade. Com a chegada da Fabiana Lacerda, como Presidente, e novos voluntários, as responsabilidades foram diluídas. O que nunca me deixou desistir foi as pessoas que atendemos”.
Atuando de forma permanente no Sol Nascente, na Ceilândia, Estrutural e Samambaia, em 2017 e 2021, a entidade estendeu a atuação para outras Regiões Administrativas do DF e entorno, com ações pontuais esportivas, emergenciais e palestras educativas, inclusive com um projeto para o Plano Piloto e o atendimento no Lago Sul, um lugar de alto padrão.
“Durante a pandemia ficou clara a existência do Idadismo na nossa sociedade, que é o preconceito contra a pessoa idosa. Muitas pessoas defendiam a preferência do atendimento aos jovens durante o pico da pandemia, quando estavam faltando leitos de Covid. Além disso, os idosos sofreram muito com o isolamento social. As mulheres também passam por uma situação bem delicada nesse momento. Os casos de violência contra a mulher aumentaram muito durante a pandemia, em todos os grupos econômicos do DF.
Nós perdemos uma das nossas beneficiadas, da cidade Estrutural, que atendíamos desde 2017. A Simone foi assassinada pelo marido, e sua filha sofria abuso do padrasto, desde pequena. Teve dois filhos com o padrasto. Foi uma situação muito difícil para o Reciclando. Depois dessa perda, muitas outras mulheres têm nos procurado pedindo nossa ajuda. Já as nossas ações voltadas para o Lago Sul, por exemplo, são destinadas para as pessoas com deficiência. Atendemos uma instituição que acolhe pessoas com deficiência abandonadas pelas suas famílias”, descreve.
A união entre Terceiro Setor e Estado faz a diferença
Questionada sobre as parcerias, a Auditora revela que houve uma grande mobilização entre o Estado com as instituições do Terceiro Setor. “O primeiro governo que ajudou o Instituto foi o da Suíça. Ficamos extremamente gratos pelo reconhecimento do nosso trabalho por um país tão sério e comprometido com o trabalho social. Em seguida, recebemos uma doação do governo do DF e do Ministério da Cidadania. Estamos construindo essas parcerias não apenas com os governos, mas com parceiros do setor privado também”.
“Acredito que as políticas públicas para as pessoas em situação de vulnerabilidade são essenciais para reduzirmos a desigualdade do nosso país. Mas, as ações emergenciais precisam estar sempre casadas com ações que possibilitem o rompimento da situação de vulnerabilidade, que seriam as ações voltadas para capacitação, inserção no mercado de trabalho, entre outras. Por exemplo, a interação de jovens com deficiência nas escolas é uma ação importantíssima do Estado. A sociedade precisa compreender a importância da união para o desenvolvimento do país”, afirma d’Aguiar.
E anota na agenda, a entidade está reestruturando os cursos, com foco mais profissionalizante. Agora, os homens e jovens também serão incluídos, em cursos para pedreiro, marcenaria, garçom, pizzaiolo, corte e costura e mídias sociais. As inscrições são feitas de acordo com a disponibilidade de vagas, normalmente uma vez por ano. E a partir do dia 24 de outubro, no Sol Nascente, a comunidade vai ter um espaço exclusivo para a realização de aulas de artes marciais, capoterapia, dança e música. Mais informações sobre o Projeto podem ser acessadas no site www.reciclandoofuturo.com.br ou no Instagram @reciclando_futuro.
Um dia de princesa
Com direito à fortes emoções, a entidade lançou, em 2018, o concurso Miss Catadora, em parceria com o movimento internacional Fashion Revolution, realizado na Cidade Estrutural com o objetivo de eleger a catadora mais criativa, além de promover a autoestima das mulheres. “Coração batendo a mil”, maquiagem pronta, penteados sofisticados, abrilhantaram as mulheres de diferentes estereótipos e idades que desfilaram suas belezas na passarela.
“Catadoras de diferentes cooperativas do DF foram convidadas a participar e a confeccionar suas próprias roupas com o material recolhido no lixo. Foi um evento inclusivo, envolvendo diversos parceiros da sociedade. Muitos empresários participaram doando buffet, decoração, produção das catadoras participantes e diversos prêmios. Ainda tivemos a participação da MISS DF como jurada do Miss Catadora”, diz Renata d’Aguiar emocionada.
Com exclusividade, adiantamos que a segunda edição já está sendo pensada. Então, mãos à obra e criatividade para confeccionar a roupa do próximo desfile. Na edição passada, as premiações foram uma joia da Benigna Venâncio Joias, curso de capacitação no SEBRAE e um valor financeiro doado pelo Reciclando o Futuro.
Venha fazer parte dessa família
Os interessados em participar do Reciclando o Futuro, como voluntários ou doadores, podem entrar diretamente em contato com a vice-presidente do Instituto, Kamila Castro, por meio do número (61) 991920316 ou pelo e-mail contato@reciclandoofuturo.com.br.
“Atualmente, existe uma carência muito grande por alimentos básicos, fraldas, enxovais e itens de higiene. Roupas, brinquedos e materiais de construção também estão sempre entre as nossas demandas. Todos nós temos um pouco para doar para o próximo, seja através do nosso tempo, do que podemos ensinar ou de bens materiais. Sempre que doamos acabamos ganhando muito mais do que o que estamos oferecendo”, finaliza.
Da Redação Brasil 060