O primeiro arroz geneticamente modificado a ser disponibilizado comercialmente poderá ter sua produção aprovada nas Filipinas entre dois e três anos, afirmaram cientistas esta terça-feira, apesar da forte oposição de grupos ambientalistas.
Autoridades do Instituto Internacional de Pesquisa do Arroz (IRRI) e do Departamento de Agricultura filipino anunciaram a conclusão dos testes de campo do recém-desenvolvido “arroz dourado”, apesar dos ataques praticados contra um campo de testes.
“O arroz dourado está chegando. Está no forno e grande parte do desenvolvimento e pesquisa principal já foi concluída”, afirmou Achim Dobermann, vice-diretor-geral do IRRI.
“Até o momento, não há arroz OGM (geneticamente modificado) oficialmente lançado em qualquer país”, reforçou.
Ele disse que a China estava trabalhando em uma variedade de arroz OGM resistente a pragas, mas não se sabe se será lançado comercialmente.
Dobermann disse que, dependendo da duração do processo de aprovação, pode levar um mínimo de “dois a três anos” antes de as sementes estarem prontas para distribuição aos fazendeiros.
Testes de campo do arroz foram concluídos nas Filipinas e agora ele está pronto para ser testado para determinar se é seguro para consumo e reprodução, disse Antonio Alfonso, coordenador do programa de biotecnologia do Departamento de Agricultura.
Em agosto, um ataque de ativistas a um campo de testes nas Filipinas destruiu o arroz dourado plantado no local.
Alfonso explicou que o ataque teve como alvo apenas um de vários campos de arroz dourado e que eles conseguiriam completar seus testes.
O arroz dourado foi geneticamente modificado para produzir vitamina A, que falta nas dietas de muitas pessoas de países em desenvolvimento, e provoca fragilidade do sistema imunológico e cegueira, com frequência levando a óbito, acrescentou o IRRI.
Apesar disso, muitos grupos ambientalistas são contrários aos OGMs, afirmando que eles têm efeitos colaterais nocivos que irão se espalhar de forma irreversível até mesmo para cultivos não manipulados.
O escritório do sudeste asiático do grupo ambientalista Greenpeace condenou os esforços para promover o arroz dourado.
“Já há soluções e programas sendo implementados pelo governo das Filipinas para reagir à deficiência de vitamina A no país e elas já são adotadas e são eficazes”, destacou em um comunicado Daniel Ocampo, ativista do Greenpeace.
Dobermann afirmou que muitas alternativas são caras demais ou inacessíveis para os mais pobres, que frequentemente têm uma dieta dominada, sobretudo, pelo arroz.
Anteriormente, o Greenpeace havia conseguido uma decisão judicial favorável à suspensão dos testes de campo com berinjelas OGM nas Filipinas.