O ministro das Comunicações, Fábio Faria
UESLEI MARCELINO/REUTERS – 04.11.2021
Após reunião com representantes do WhatsApp e com o presidente Jair Bolsonaro, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou que as mudanças promovidas pelo aplicativo não têm relação com as eleições, apesar de a intenção de serem implementadas somente após o pleito de outubro.
“A decisão que ocorreu aqui [no país] é totalmente comercial. Nada a ver com eleições. Não houve nenhum pedido, nem da Presidência da República, nem do Tribunal Superior Eleitoral”, disse Faria em coletiva de imprensa depois do encontro.
A reunião, que inicialmente não constava na agenda pública, ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília. “Eles [WhatsApp] não têm data [para implementar] em nenhum lugar do mundo, mas acham que isso só vai ocorrer no segundo semestre. A decisão é global e o Brasil é um país importante para eles”, contou.
Neste mês, o aplicativo anunciou uma nova funcionalidade na plataforma. O recurso, chamado de Comunidades, permitirá que os administradores enviem mensagens para diferentes grupos ao mesmo tempo. O lançamento no Brasil só vai ser feito após as eleições de outubro.
As mudanças do aplicativo foram alvo de críticas por parte de Bolsonaro. Durante motociata em São Paulo (veja vídeo abaixo), o presidente afirmou que a medida é “inadmissível, inaceitável e que não será cumprida”, sem dar explicações.
Questionado se Bolsonaro entendeu as mudanças que serão feitas pelo aplicativo, o ministro das Comunicações relatou que sim. “Entendeu. O principal da reunião foi isso. Saiu na imprensa que teria tido um acordo, que o TSE teria pedido ao WhatsApp para que não iniciasse as operações no Brasil antes da eleição. E eles deixaram claro para o presidente que isso não aconteceu”, destacou.
“O presidente, depois que ouviu isso, entendeu perfeitamente. Sendo uma decisão da empresa, é uma decisão de mercado. Não tem por que nem como o Poder Executivo interferir. O presidente entendeu todos os pontos”, completou.
Segundo Faria, se houvesse um acordo entre a empresa e algum poder, teria sido interferência. “Como não houve, não tem mais o que o governo fazer. Foi uma decisão global da empresa e o presidente respeita. Essa situação está completamente saneada”, finalizou.
O WhatsApp anunciou, no dia 14 de abril, o recurso “Comunidades”, que na prática permite disparos em massa para diversos grupos de interesses comuns. Isso acende um alerta quanto ao envio de informações falsas em ano de eleição, mas a empresa ressaltou que nenhum recurso novo será implementado antes do pleito de 2022. O WhatsApp avalia que o público-alvo da iniciativa são escolas, empresas e moradores de prédios.
“É importante ressaltar que, como já previamente informado em uma reunião entre o então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, e o CEO do WhatsApp, Will Cathcart, o WhatsApp não implementará nenhuma mudança significativa do produto no Brasil antes das eleições”, divulgou a empresa.
Um comunicado do aplicativo informou que as Comunidades devem permitir uma “melhor organização de grupos separados sob um ‘guarda-chuva’ principal”. Ou seja, diretores de escola, por exemplo, poderão criar um grupo daquela instituição na plataforma, abrangendo outros subgrupos separados de professores, alunos e classes. Nele, os responsáveis pelo colégio podem enviar mensagens de avisos a todos ao mesmo tempo.
Após o período eleitoral, o aplicativo também vai promover uma série de novidades. Entre elas estão as reações com emojis a mensagens, a exclusão de mensagens em grupos pelo administrador, o aumento da capacidade de envio de arquivos grandes para até 2 gigabytes e chamadas de voz com apenas um toque para até 32 pessoas.