Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Cambridge chegou a um novo “padrão-ouro” para o tempo necessário de sono. A ideia disseminada entre nós é de que são necessárias ao menos oito horas para garantir um descanso de qualidade. O novo trabalho defende que bastam cerca de 7 horas – nem uma a mais ou a menos.
A nova pesquisa partiu da análise de informações de saúde de cerca de 500 mil moradores do Reino Unido, com idades entre 38 e 73 anos. Eles são voluntários do projeto UK Biobank e vem tendo seus dados de saúde monitorados há cerca de dez anos.
Os pesquisadores analisaram as respostas dos participantes sobre padrões de sono e saúde mental e, cerca de 40 mil dos voluntários também foram submetidos a exames de imagens cerebrais e a testes realizados em aplicativos para aferir velocidade do pensamento, capacidade de memória e habilidade para resolução de problemas.
Publicados na revista Nature Aging na quinta-feira (28/4), os resultados mostraram que os que conseguiam manter 7 horas de sono tinham cérebros mais saudáveis e apresentavam melhor estado de saúde mental.
Sono fragmentado
Para os pesquisadores, aqueles que dormem menos de sete horas podem estar sofrendo interrupções no sono profundo de ondas lentas, necessário para a “limpeza” de toxinas do cérebro. Os que dormem mais também podem estar sendo afetados por um sono profundo fragmentado e de má qualidade, que também não seria reparador o suficiente.
Interrupções no sono têm sido associadas ao acúmulo no cérebro de uma proteína chamada amilóide – o acúmulo dessa proteína é uma das principais hipóteses sobre como a demência se desenvolve. O amilóide ocorre naturalmente, mas altos níveis dele fazem com que a proteína se agrupe e forme placas que causam “emaranhados” no cérebro e atrapalhem as função celulares
“Ter uma boa noite de sono é importante em todas as fases da vida, mas principalmente à medida que envelhecemos. Encontrar maneiras de melhorar o sono dos idosos pode ser crucial para ajudá-los a manter uma boa saúde mental e bem-estar e evitar o declínio cognitivo, principalmente para pacientes com distúrbios psiquiátricos e demências”, afirmou a neurocientista Barbara Sahakian, professora da Universidade de Cambridge e coautora do estudo.
Fonte: Metrópoles