Quando o assunto é saúde, todo cuidado é pouco e no primeiro sinal de que algo está errado, é preciso procurar um médico. Foi o que ocorreu com a família de Pedro Carvalho, de apenas 13 anos. Em novembro de 2021, o garoto começou a se queixar de dores abdominais e passou a ter episódios frequentes de vômitos. “O levamos ao gastro e, após alguns exames, o médico deu o diagnóstico de gastrite e receitou um remédio. Mas os sintomas continuavam e, certa madrugada, meu filho acordou com dores fortíssimas, vômitos e tosse”, conta a mãe, Micheline Carvalho.
Então, ela levou ele até a emergência de um hospital particular, onde Pedro foi atendido por um pediatra. “Dentre outros exames, ela pediu um raio-x do pulmão. O gastro achava que aquela tosse seca era apenas um sintoma de refluxo, mas graças a essa médica, descobrimos vários linfonodos no pulmão”, explica a mãe.
Após realizar uma série de visitas aos hospitais e vários exames, o diagnóstico veio: tumor no rim direito, com metástase para fígado e pulmões. “Passamos a noite no hospital e na manhã seguinte fomos transferidos de ambulância para o Hospital Brasília. Lá, ficamos na UTI pediátrica, fazendo uma série de exames até os médicos descobrirem, após alguns dias, o tipo de tumor dele: carcinoma medular renal, neoplasia altamente agressiva e rara, que tem apenas 250 casos relatados na literatura médica mundial. Ocorre em quem tem o traço falciforme”, conta a mãe do menino.
O traço falciforme é uma característica hereditária nos glóbulos vermelhos do sangue, que é herdada do pai ou da mãe. De acordo com pesquisas científicas, pessoas com essa condição raramente apresentam doenças, mas têm mais chance de transmitir a hemoglobina S aos descendentes, com chances 50% maiores de ter filhos com anemia falciforme.
No caso de Pedro, o traço desencadeou mais que preocupações com as futuras gerações da família e se transformou em uma preocupação do presente, já que esse é um tumor muito agressivo que, geralmente, é descoberto já em estágio avançado. “Precisamos agir rápido e estar sempre um passo à frente do tumor. Por ser um câncer raríssimo, não existe um único protocolo de tratamento. O oncologista do Pedro se reuniu com o Grupo Brasileiro de Tumores Renais para estabelecer um protocolo de tratamento para ele. Ele foi submetido a quatro ciclos de quimioterapia. Enquanto as pessoas estavam comemorando Natal, Ano Novo e viajando de férias, estávamos iniciando essa luta”, relata a mãe.
O oncologista de Pedro entrou em contato com um médico dos Estados Unidos, que sugeriu a retirada do rim afetado (nefrectomia) e a utilização de injeções. “Ele já fez a cirurgia e já tomou 4 injeções”. conta Micheline
O próximo passo no tratamento deveria ser a imunoterapia, no entanto, a família relata que mesmo custeando um plano de saúde de valor significativo, tem enfrentado dificuldades, já que de acordo com diretrizes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), alguns procedimentos não são aprovados pelo convênio. “Me decepcionei muito com a quantidade de procedimentos que foram negados. Até o exame PET Scan não foi autorizado, porque não está na lista da ANS o tumor renal. Precisei judicializar para o meu filho ter direito a fazer o PET Scan, que era para ser um direito garantido a todos os pacientes de câncer. Entendo que essa lista fere o Princípio da Igualdade. Alguns especialistas que tivemos de consultar também não aceitaram o convênio. São consultas caras, remédios e exames igualmente caros”, complementa a mãe do estudante.
Por se tratar de um câncer raro, a equipe médica responsável pelo tratamento sinalizou que pode ser necessário levar o garoto para os Estados Unidos para realizar procedimentos com drogas que ainda estão em fase de testes. “Nesse caso, o paciente precisa ir onde os pesquisadores estão. Por se tratar de custos muito altos, estamos lançando a vaquinha em busca de apoio para dar continuidade ao tratamento do meu filho”, finaliza Micheline.
A família precisa arrecadar R$ 100 mil para dar continuidade ao tratamento. Caso o valor seja alcançado e parte da quantia não seja utilizado no tratamento, a verba restante será doada ao Hospital da Criança de Brasília.
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Fonte: Correio Braziliense