Suspeita de participar de uma organização criminosa que promove jogo do bicho no Rio de Janeiro, a delegada Adriana Belém foi presa, no início da tarde desta terça-feira (10/5), após R$ 1,8 milhão serem encontrado na casa dela, em um apartamento na Barra da Tijuca. A quantia foi apreendida durante um mandado de busca cumprido na Operação Calígula deflagrada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
As informações são do G1. A prisão preventiva foi expedida pelo juiz Bruno Monteiro Ruliere, da 1ª Vara Especializada do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ). O magistrado afirmou que o “gigantesco valor em espécie”, “aliado aos gravíssimos fatos ventilados na presente ação penal, têm-se sérios e sólidos indicativos de que a ré apresenta um grau exacerbado de comprometimento com a organização criminosa e/ou com a prática de atividade corruptiva (capaz de gerar vantagens que correspondem a cifras milionárias)”.
O juiz também afirma que a quantia encontrada mostra que há chances de que “em liberdade, a ré destrua ou oculte provas ou crie embaraços aos atos de instrução criminal”. Os valores apreendidos na casa da delegada estavam escondidos no closet dela, em bolsas de sapato e em sacolas de marcas de luxo.
A operação investiga uma rede de jogos de azar liderada pelo bicheiro Rogério de Andrade e pelo policial militar reformado Ronnie Lessa, que é réu pelas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018. De acordo com o MP, a organização criminosa fez um acordo com policiais para a rede funcionar sem interrupções.
Além de Adriana, outras 11 pessoas haviam sido presas até o início desta tarde. O delegado Marcos Cipriano também foi detido por suspeita de participação no esquema do jogo do bicho.
Adriana está, desde agosto de 2021, em um cargo na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer do Rio de Janeiro, com salário de R$ 8.345,14, de acordo com o portal da transparência. Ao G1, a pasta informou que a policial será exonerada.
Apesar do salário, a delegada apresenta gastos e bens expressivos acima do que o montante recebido poderia comprar. Em fevereiro deste ano, ela aparece, nas redes sociais, ao lado do filho enquanto revelava a ela a compra de um Jeep avaliado em quase R$ 200 mil para uso dele. Ela também blindou o veículo, um serviço que mede, em média, R$ 55 mil no Brasil.
Antes, a delegada estava à frente da 16ª Delegacia de Polícia, comando que entregou em janeiro de 2020 durante a operação Intocáveis II. Na ocasião, os policiais da equipe dela, Jorge Luiz Camillo e o inspetor Alex Fabiano Costa de Abreu foram presos por atuarem contra investigações que envolviam a milícia do Rio das Pedras e Muzema, na Zona Oeste do Rio.
Policiais recebem propina para acobertar esquema, diz MPRJ
De acordo com o MPRJ, a organização criminosa “estabeleceu acertos de corrupção estáveis com agentes públicos, principalmente ligados à segurança pública, incluindo tanto agentes da Polícia Civil, quanto da Polícia MIlitar do Estado do Rio de Janeiro”.
“Nesta esfera, integrantes da quadrilha, membros da Polícia Civil, mantinham contatos permanentes com outros policiais corruptos, pactuando o pagamento de propinas em contrapartida ao favorecimento dos interesses do grupo de Rogério”, destacam os promotores na ação. Os agentes públicos recebiam valores mensais para permitir o funcionamento das casas.
No total, a Operação Calígula emitiu 29 mandados de prisão e 119 mandados de busca e apreensão para esta terça-feira (10/5). O Correio não conseguiu localizar a defesa de Adriana Belém.
Fonte: Correio Braziliense