Apontado pelas autoridades como um dos maiores desmatadores de terras da Amazônia, sobretudo no Pará, o fazendeiro Geraldo Daniel de Oliveira, de 60 anos, foi preso nesta quinta-feira, 9, pela Polícia Civil do Estado.
A prisão do acusado aconteceu durante o segundo dia da Operação Outsiders. As informações foram confirmadas nesta sexta-feira, 10, pela Secretaria de Segurança Pública do Estado (Segup), que coordenou as diligências.
Geraldinho, como é conhecido, foi preso na Fazenda Ouro Verde, no município de São Félix do Xingu, no sul do Pará.
A propriedade está localizada na Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu, região na qual o fazendeiro, segundo a Segup, atuava cometendo crimes ambientais.
Outros dois homens também foram presos no local, e vão responder por porte ilegal de arma de fogo.
Estima-se que, em crimes ambientais, o fazendeiro tenha, aproximadamente, R$ 40 milhões em multas aplicadas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama).
Em agosto de 2019, o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), acusou Geraldo de desmatar 5,5 mil hectares de áreas ambientais no Estado, o que é equivalente a seis mil estádios do Maracanã. Ele já respondeu a quatro ações envolvendo crimes ambientais.
O fazendeiro ainda foi denunciado pelo MP por contratar pessoas para promover queimadas em unidade de conservação no sul do Pará, e também, motoqueiros para ameaçar agentes ambientais.
A prisão aconteceu há quase três anos do mandado de prisão expedido pela Justiça. Neste intervalo, após ser dado como foragido, o fazendeiro obteve um habeas corpus.
O secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Pará, Ualame Machado, explica que o acusado já estava no radar das autoridades.
“Geraldinho já é conhecido não só da polícia como dos órgãos ambientais, portanto já era investigado desde 2019 quando foi deferido um mandado de prisão contra ele, além de ser conhecido como um dos maiores desmatadores do Estado do Pará, em especial da região da Apa do Triunfo, portanto a prisão efetuada é importantíssima para que possamos desarticular os crimes praticados por ele naquela área”, disse à Agência Pará.
Operação
A Operação Outsiders foi coordenada pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), deflagrada junto às Polícias Militar, Civil e Científica, além do Corpo de Bombeiros Militar e da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas).
As diligências foram feitas por quase 50 agentes dos órgãos envolvidos na operação, iniciada na última quarta-feira, 8, pelas frentes aéreas, com a utilização de três aeronaves do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp) e terrestre.
A Operação Outsiders, em português, quer dizer forasteiro. O título faz alusão às pessoas vindas de outros Estados para atuar no desmatamento em terras no Pará.
A maioria dos responsáveis pelo desmatamento na região são do Espírito Santo, Tocantins e de Goiás, de onde Geraldo é natural. O Estadão não conseguiu localizar os advogados dos acusados.
Desmatamento
Dados do Sistema Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), pertencente ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontam que o desmatamento no Estado do Pará passou a desacelerar.
Em maio deste ano, a diminuição foi de 53% em terras de responsabilidade do Estado, ao comparar o mesmo mês do ano anterior. Esta foi a maior redução alcançada em todo o território paraense.
Somando as áreas estaduais e federais, a redução de desmatamento foi 49%, neste mês, ao comparar com maio de 2021.
Estadão Conteúdo