Todos os colecionadores e compradores em potencial que passarem pela Feira Brasília de Arte Contemporânea (FBAC) terão a oportunidade de consultar uma wishlist preparada especialmente pela curadora e diretora do Museu Nacional da República, Sara Seilert. Durante uma visita às 12 galerias que participam do evento, ela apontou obras que poderiam integrar a coleção da instituição.
O procedimento é comum em grandes feiras, quando curadores dos maiores museus do mundo fazem uma lista de desejos para que colecionadores e mecenas tenham a oportunidade de comprar uma obra para doar às instituições. “Vai ser uma experiência nova para mim”, conta Sara.
“Sempre vejo isso acontecendo fora de Brasília, como na SP-Arte, de um curador do museu passar e fazer uma wishlist, o que já indica um valor para uma obra. Só o fato de o curador se interessar por uma obra dá valor a ela.” A intenção dos organizadores da feira é familiarizar potenciais doadores, colecionadores, artistas e curadores com a ideia de que a comunidade pode contribuir para a construção do acervo do museu.
Quase todas as 1.382 obras que compõem hoje o acervo do Museu Nacional da República são resultados de doações. “O museu não tem uma política de aquisição muito definida, não temos recursos para compras de obras, então o acervo do museu foi sendo criado ao longo dos anos de existência por meio de doação de artistas, colecionadores, galeristas e acho que a feira está procurando criar uma cultura para isso”, diz Sara.
Ela acredita que a iniciativa também é uma forma de estimular o mercado e sensibilizar a sociedade para a formação do acervo do museu. “O artista doando a obra é ótimo, sempre muito bem-vindo, mas acaba que onera para o artista, porque é o trabalho dele. Estimular o colecionador, a compra, é um mecanismo mais sustentável, porque o trabalho do artista está sendo valorizado duplamente através da compra e da doação. Brasília ainda não tem uma cultura de mecenato e isso pode ser um estímulo interessante.”
Por Correio Braziliense