Os planos de ter o PDT de volta à base do governo parecem não ter dado certo. Mesmo após colocar nas mãos de um ex-membro da sigla a Secretaria de Educação, o PT não trouxe de volta a confiança de seus antigos aliados e vê a situação se complicar com a candidatura do deputado federal Antônio Reguffe ao governado do DF.
De acordo com os membros do partido, encabeçado pelo senador Cristovam Buarque, não há a menor chance de reaproximação entre os partidos. E quem garante isso é o próprio presidente Nacional do PDT, Carlos Lupi, que prometeu não verticalizar as decisões de aliança da legenda.
“As tentativas de cooptação não começaram hoje. Na verdade, começaram com o convite para que o partido ocupasse a Secretaria de Educação. Porém, tudo foi em vão, pois quem decidirá com quem o partido vai se unir será o senador Cristovam e o deputado Reguffe, que não estão interessados em cargos”, afirma a distrital Celina Leão, que bate o pé: “Essa possibilidade só existe na cabeça deles”.
O presidente regional do partido, Georges Michel, conta que desde a nomeação de Marcelo Aguiar para a pasta da educação, a base governista não quis mais tocar no assunto e não procurou o partido para novas negociações. “Eles perceberam que o PDT está firme na candidatura do deputado Reguffe para governador e não quiseram mais conversar ou marcar encontros para falar sobre a recomposição da aliança”, declara Michel.
Para Celina Leão, os dias de Marcelo Aguiar à frente da Educação podem estar contados. “Eu acredito que o secretário Marcelo vai acabar caindo, quando o governador Agnelo perceber que o PDT não vai voltar e tiver que colocar outro companheiro dele na pasta”, diz.
O distrital Joe Valle, também recém-filiado ao PDT, garante que o partido não tem tido esse tipo de conversas. De acordo com o parlamentar, a sigla está concentrado em montar um programa de governo em rede para ser apresentado nas eleições do ano que vem. “O partido tem o senador e o deputado mais votados e todos querem eles ao seu lado, mas o Reguffe será o candidato a governador”, garante Joe Valle.
O PDT foi um dos principais partidos da Coligação Novo Caminho, que tinha como candidato ao Buriti o atual governador Agnelo Queiroz.
Ainda no início da atual gestão, desacordos entre o governador e o senador Cristovam Buarque – também eleito pela coligação – acabaram gerando um racha na aliança e o então aliado passou a ser oposição.
O deputado José Antonio Reguffe, do mesmo partido de Cristovam — e que pouco compareceu ao palanque em 2010, por descordar de componentes da aliança envolvidos em denúncias de corrupção, e flertar com Toninho Andrade, do PSOL — acompanhou seu padrinho político.
Até os últimos dias de novas filiações para quem disputará as eleições de 2014, que se encerrou no início de outubro, Reguffe dava como certa sua candidatura ao Senado, mas acabou convencido a se pré-candidatar a governador do DF.
A decisão causou alvoroço na base governista, que ainda sonhava em ter Reguffe como candidato ao Senado, tirando-o da disputa ao Buriti no ano que 2014.
O apoio do presidente do PDT, Carlos Lupi, ao governo de Dilma Rousseff – a quem o ex-ministro já declarou“amor” em rede nacional – não será indicativo para que o partido esteja alinhado localmente com o PT.
Segundo a distrital Celina Leão, que ingressou na legenda com a condição de continuar na oposição, Lupi garantiu que “não verticalizará” a questão. “O Lupi é muito correto e tem palavra. Existem outros estados em que a situação é a mesma e que outros candidatos serão oposição ao PT. Ele não verticalizará a aliança para não sacrificar seus maiores nomes na política local”, garante Celina, que afirma que o partido também não fixou quem apoiará para a presidência da República.
A distrital lembra ainda que quando se filiou à sigla houve o temor de que ela pudesse deixar de atuar como oposição para a neutralidade. “Houve o temor de que eu mudasse de lado e eu provei com minha atuação que continuaria na oposição”, afirmar.
Sobre boatos que afirmavam que o PT queria uma reaproximação com o senador Cristovam Buarque, o presidente regional do PDT Georges Michel é categórico: “O senador Cristovam não aceita sequer conversar sobre essa possibilidade”.
O presidente regional do PT, Roberto Policarpo, foi procurado por nossa reportagem, mas até o fechamento da matéria não houve retornado as nossas ligações.