Após uma estudante de 18 anos denunciar ter sido estuprada dentro da Universidade de Brasília (UnB) na semana passada, estudantes se reuniram no campus para protestar contra a insegurança na unidade Darcy Ribeiro, na Asa Norte.
Dezenas de mulheres, e também homens, se concentraram no Ceubinho, localizado na Ala Norte do Instituto Central de Ciências (ICC) e marcharam em direção ao prédio da Reitoria.
“Nós estamos pedindo pelo mínimo, é segurança. A universidade pública, não foi pensada, a priori, para ser ocupada por mulheres”, disse a militante do coletivo Juntas-DF Luísa Valadares.
“Nós pedimos segurança de qualidade, câmeras funcionando, circuito inteligente. É assim que se faz segurança efetiva, não só dentro dos prédios, mas nos espaços entre os prédios”. A estudante também cobrou mais iluminação e recontratação de servidores terceirizados demitidos. “Precisamos dos seguranças de volta aqui dentro.”
Na última sexta-feira (8), uma jovem de 18 anos contou que foi violentada por volta das 19h30, nas proximidades do Restaurante Universitário (RU). O trajeto entre o RU e o minhocão é pouco iluminado.
Após as denúncias, o homem apontado pela vítima como o agressor se apresentou à UnB e apresentou uma versão diferente. A institução não detalhou a declaração dele. Ele também prestou depoimento na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam I).
Desde a retoma 100% presencial das aulas na universidade, em junho, esse é o segundo caso de violência de gênero que vem à tona. No mês passado, logo no início do semestre, outra estudante, de 22 anos, denunciou que foi filmada e fotografada pela janela por um homem enquanto usava o banheiro no ICC Sul.
Procurada, a Universidade de Brasília informou que vai instalar, nos próximos dias, 2 totens de segurança no campus, para quem se sentir ameaçado, acionar o botão para pedir ajuda. Outros 14 devem ser distrubuídos pelos prédios. Além disso, o circuito de monitoramento por vídeos tem mais de 500 câmeras, colocadas em pontos sensíveis, como vias de acesso e paradas de ônibus.
As imagens do caso em questão foram entregues pela UnB à polícia. Em 2017, a universidade reativou o Comitê de Segurança do campus para planejar estratégias que visam reforçar a segurança na instituição. Segundo a universidade, depois da medida, as ocorrências caíram 86% entre 2018 e 2019.
Em 2018, uma pesquisa sobre a percepção de violência contra mulheres na UnB mostrou que 34% das mulheres entrevistadas já tinham sofrido algum tipo de violência, desde moral à sexual, no campus.
Em março de 2016, a estudante de biologia Louise Ribeiro foi assassinada dentro de um laboratório pelo ex-namorado após ser dopada com clorofórmio. Vinícius Neres foi preso depois de confessar o crime. Dois anos depois, ele foi condenado pelo Tribunal do Júri a 23 anos de prisão.
Fonte: R7