Clayton Castelani
O Fed (Federal Reserve, o banco central americano) elevou nesta quarta-feira (21) a sua taxa de juros em 0,75 ponto percentual pela terceira vez consecutiva, aumentando o indicador de referência para o mercado de crédito dos Estados Unidos para um patamar entre 3% e 3,25% ao ano.
A autoridade monetária americana vem ampliando agressivamente sua taxa de juros diante da necessidade de frear a maior inflação no país em 40 anos.
Preocupações com a escalada de preços ganharam ainda mais força na semana passada, após a divulgação do CPI, sigla em inglês para índice de preços ao consumidor, ter mostrado que a inflação nos EUA subiu 0,1% em agosto, acumulando 8,3% em 12 meses.
Analistas de mercado esperavam que o CPI mostrasse deflação de 0,1% no mês e, no acumulado em 12 meses, queda de 8,5% para 8,1%. Apesar do desapontamento com a inflação de agosto, o país está aos poucos se afastando do pico de 9,1% registrado pelo CPI em junho.
A lenta desaceleração da inflação vem respondendo basicamente à queda dos preços dos combustíveis, enquanto outros segmentos, como o de serviços, seguem em alta, comenta Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos. “Isso mostra uma dificuldade do Fed em levar a inflação dos Estados Unidos para perto da meta de 2% ao ano”, diz.
Há consenso no mercado sobre a necessidade de tornar o crédito mais caro para retirar dinheiro de circulação. Essa é a principal medida adotada por bancos centrais na tentativa de frear a inflação mundial, um processo que teve início devido a falhas provocadas pela pandemia no abastecimento global de matérias-primas e bens de consumo. O problema se tornou ainda mais grave com a Guerra da Ucrânia elevando preços de energia e alimentos.
Existem receios, porém, de que o custo desse aperto monetário será uma grave desaceleração da atividade econômica em escala mundial. Entre os efeitos de uma recessão estão a ausência de crescimento das empresas, aumento consistente do desemprego e queda exagerada do consumo.
Sem perspectiva de crescimento das empresas, investidores tendem a abandonar os mercados de ações para buscar ganhos na renda fixa. A mais segura delas é a americana, onde os títulos soberanos dos Estados Unidos ficam cada vez mais vantajosos.
O rendimento dos títulos do Tesouro americano com vencimento em dez anos, referência para esse mercado, alcançou nesta semana o maior patamar em uma década.
O movimento de dólares em direção à renda fixa americana também torna a moeda escassa em outros países. O dólar ficou mais caro neste ano, na comparação média com as principais moedas.
Por FolhaPress