O Vaticano anunciou, nesta terça-feira (10/01), a abertura de uma investigação sobre o desparecimento em 1983 de uma adolescente que vivia no Vaticano, um fato nunca esclarecido e que foi tema de um documentário na plataforma Netflix.
Emanuela Orlandi, de 15 anos, cujo pai trabalhava para o Vaticano, desapareceu depois de uma aula de música em Roma em 22 de junho de 1983. Desde então, o caso rendeu diversas teorias, nunca comprovadas.
Uma ex-amante do criminoso Enrico de Pedis, suspeito de pertencer à máfia, à loja maçônica P2 e a setores das finanças do Vaticano, o acusou de ter sequestrado a jovem e enterrado seu corpo em concreto.
Em 2012, a Justiça italiana chegou a abrir o túmulo de Enrico de Pedis, um dos líderes de um grupo criminoso romano conhecido como ‘banda della Magliana’. Ele foi assassinado em um acerto de contas em 1990.
Segundo algumas teorias, a adolescente foi sequestrada por este grupo para recuperar um empréstimo do ex-presidente americano do Banco Vaticano (IOR), Paul Marcinkus.
Outra teoria evoca um sequestro da adolescente para conseguir a liberação de Mehmet Ali Agca, o turco que tentou assassinar o papa João Paulo II em 1981.
Em uma carta aberta divulgada em 2010, Agca garantiu que Emanuela Orlandi estava viva em 2019 e que era necessário buscar pistas nos arquivos da CIA.
Este desaparecimento foi tema de uma série documental em 2022 exibida pela Netflix, na qual o irmão de Emanuela afirma que o papa Francisco lhe disse: “Está no céu”, dando a entender -segundo a família- que o Vaticano sabe o que aconteceu à jovem.
A advogada da família, Laura Sgro, deseja saber quais as intenções da Justiça do Vaticano. “Não sabemos o que o Vaticano fará. Nas próximas horas pedirei uma reunião com o promotor de Justiça. Até agora, o Vaticano não fez nada”, disse à AFP.
“Que documentos querem revisar, os da investigação da promotoria de Roma o tem algum arquivo que queiram compartilhar?”, questiona-se.
“Há anos peço que sejam interrogadas algumas personalidades pertencentes à cúpula do Vaticano. Infelizmente, algumas já faleceram”, destacou.
Correio Braziliense