As operações coordenadas do governo federal durante a gestão de Jair Bolsonaro foram feitas para não funcionar, diz o procurador da República em Roraima Alisson Marugal, que desde 2017 vem denunciando a crise humanitária e de saúde entre a população Yanomami, na Amazônia. Ele diz que houve falta de empenho da Funai e de outros órgãos em combater uma situação que se arrastava.
“O governo fez operações para não funcionar, com ciclos de cinco a dez dias. Com 400 pontos de garimpo, por exemplo, atuaram em apenas nove. Foram três ciclos com o mesmo resultado: nenhum”, afirma. “Paralelamente assistimos à deterioração dos índices de saúde dos indígenas e à falta de governança do Ministério da Saúde.”
Desde sexta-feira, o governo federal declarou emergência em saúde pública no território após identificar uma alta de casos de malária, desnutrição infantil e problemas de abastecimento. As imagens de indígenas magros e abatidos, entre eles várias crianças, chamaram a atenção nas redes sociais para a tragédia humanitária, reflexo de problemas de assistência e avanço do garimpo ilegal – que não é de agora.
Gradativo
Marugal e o procurador da República Matheus de Andrade Bueno dizem que “gradativamente, o garimpo vem crescendo desde 2017, atingindo seu pico em 2021 e 2022″”. Na época, o MPF estimava 20 mil garimpeiros no território indígena. A situação levou o órgão a acionar a Justiça Federal, que ordenou a retirada dos garimpeiros do local.
Estadão Conteúdo