Livro “Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado”, deve chegar às livrarias esta semana, promete colocar o dedo em feridas ainda abertas no Partido dos Trabalhadores
O livro do ex-secretário nacional de Justiça Romeu Tuma Júnior ainda nem foi lançado e já começa a movimentar Brasília a partir de amanhã, 09. A edição de “Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado”, que deve chegar às livrarias esta semana, promete colocar o dedo em feridas ainda abertas no Partido dos Trabalhadores (PT), como o caso da morte do prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel, criação de dossiês e o Mensalão, entre outros. O PSDB promete convidar o autor para dar mais detalhes sobre as denúncias no Congresso.
“É importante aprofundar questão colocadas por Tuma Júnior no livro. Ele retirou do armário alguns esqueletos que ainda não foram totalmente retirados”, disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Denúncias como a confecção de “falsos” ou “esquentados” dossiês contra adversários políticos do governo, conforme o parlamentar, são mais conhecidas, mas é preciso ouvir diretamente do policial que fez parte do governo informações sobre Mensalão e o episódio de Santo André, citado por Dias como um “crime insolúvel”.
O ideal, de acordo com o tucano, é que Tuminha, como é conhecido, faça um depoimento oficial na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. “É preciso ver se ele tem documentos que possam dar credibilidade às denúncias. Ele é um policial experiente, não faria isso (denunciar) sem ter algum material (que comprove as acusações)”, considerou. Essa participação de Tuma Júnior no Congresso pode gerar como desdobramento a criação de inquéritos. “Ouvindo o Tuma oficialmente teremos subsídios para protocolar a denúncia na Procuradoria Geral da República (PGR) e instaurar inquéritos”, disse.
Dias admitiu que a ação da oposição precisar ser rápida, afinal, o fim do ano está próximo. “No final do ano, não temos muito tempo. Temos que convidar primeiro o Tuma e depois ver as providências subsequentes”, explicou, quando questionado sobre se o atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também poderia ser chamado a prestar depoimentos. “É impossível fazer isso na pauta na virada do ano, temos que agir rápido agora para criar um fato oficial, que não fique apenas como revelações fantásticas, mas que adotem providências oficiais.”
A promessa de ação do PSDB surgiu após entrevista concedida por Tuminha à revista Veja neste final de semana. Segundo ele, o PT tinha uma “fábrica de dossiês”. O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), chamou a entrevista do ex-secretário de “esclarecedora e estarrecedora” por meio de nota. Ele vai requerer no início da semana à Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara a realização de audiência pública com a presença de Tuma Júnior para esclarecer as denúncias.
“O ex-secretário Tuma Júnior, que fez parte do alto escalão do governo Lula por três anos, confirmou tudo aquilo que sempre denunciamos: a fábrica de dossiês petista, o até hoje obscuro assassinato político do prefeito Celso Daniel e a existência de uma conta no exterior para onde foram enviados os recursos do Mensalão, entre outras afirmações graves “, disse Carlos Sampaio.
Até mesmo a investigação sobre o cartel do metrô em São Paulo, que o ministro Eduardo Cardozo negou ter sido fruto de exploração político-partidária, obedeceu ao modus operandi usual, segundo Sampaio. Ele disse esperar agora que Cardozo tenha a mesma agilidade e disposição apresentada no caso do metrô de São Paulo, que envolveria políticos tucanos, para investigar o conteúdo do livro que demonstrou em relação ao dossiê apócrifo vazado à imprensa.
“Ao contrário do dossiê anterior, este tem conteúdo facilmente comprovável, além de ser assinado por alguém que carrega uma reputação pessoal e familiar histórica e que esteve dentro do próprio governo. Vamos ver qual será o procedimento do ministro da Justiça”, concluiu. A reportagem entrou em contato com o Instituto Lula, que não quis comentar as denúncias feitas por Tuminha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.